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Oficiais do Movimento Islâmico do Sul expressam descontentamento com seu líder

16 de fevereiro de 2022, às 12h18

Mansour Abbas, político árabe israelense e líder da chamada Lista Conjunta, em Jerusalém ocupada, 5 de abril de 2021 [BIR SULTAN/AFP via Getty Images]

Diversos oficiais de alto escalão do Movimento Islâmico do Sul, radicado em Israel — isto é, no território ocupado durante a Nakba ou “catástrofe”, via limpeza étnica, em 1948 — expressaram desconcentamento com seu atual líder, o parlamentar Mansour Abbas, devido a posturas que supostamente contradizem seus princípios fundadores.

As informações são da agência de notícias Safa.

Segundo detratores, Abbas adotou a narrativa sionista sobre a ocupação, sobretudo ao rejeitar o relatório da Anistia Internacional que concluiu que Israel é um estado de apartheid. “Israel nasceu como estado judeu e permanecerá como estado judeu”, alegou o membro árabe do Knesset; postura que enfureceu seus correligionários.

Israel aprova Lei do Estado-Nação e torna-se oficialmente um regime de apartheid [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

O falecido sheikh Abdullah Nimer Darweesh estabeleceu o Movimento Islâmico no âmago da Palestina histórica em 1971, para trabalhar em questões sociais e religiosas. Na década de 1990, todavia, o grupo separou-se em um setor sul e outro norte. Raed Salah assumiu a liderança do Movimento Islâmico do Norte, criminalizado por Tel Aviv em 2015.

“O Movimento Islâmico rechaça os comentários de Mansour Abbas sobre o relatório da Anistia Internacional, além dos esforços de normalização com Israel e seu caráter como estado judeu”, reiterou Ibrahim Sarsour, veterano do grupo.

“Abbas abandonou nossos princípios nacionais e religiosos”, acrescentou Sarsour.

Talab al-Sanei, político palestino que serviu como membro do Knesset, comentou à agência Safa que as divergências no Movimento Islâmico do Sul prenunciam outra cisão.

Segundo al-Sanei, envolver-se na política sionista demanda adaptação. “Abbas se curva agora para obter consentimento de seus mestres israelenses”, enfatizou o ex-parlamentar.

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