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38 anos de resistência: a Palestina não se rende, não se cala, não desaparece

18 de dezembro de 2025, às 13h47

Membros das Brigadas Izz ad-Din al Qassam, o braço armado do grupo palestino Hamas, desfilam na Praça Al-Qatiba, na Cidade de Gaza, Gaza, em comemoração ao 35º aniversário do Hamas, em 14 de dezembro de 2022. [Ali Jadallah – Agência Anadolu]

O Movimento de Resistência Palestino nasceu em meio a grandes transformações históricas e políticas, como resposta direta à violência permanente da ocupação sionista. Seu surgimento não foi episódico nem circunstancial: representou uma mudança qualitativa no curso da luta palestina, um ponto de inflexão que reafirmou, diante do mundo, que um povo submetido ao colonialismo não abdica de seu direito à liberdade, à terra e à dignidade.

Há 38 anos, a resistência organizada passou a expressar, de forma mais nítida, a recusa coletiva do povo palestino em aceitar a condição de vítima silenciosa. 

A luta pela libertação da Palestina, de sua terra histórica e de seus locais sagrados, passou a ser conduzida não apenas como denúncia, mas como prática política concreta, enraizada na realidade dos campos de refugiados, das cidades sitiadas e das comunidades submetidas à ocupação militar.

A memória dos mártires ocupa um lugar central nessa trajetória. Não como culto à morte, mas como afirmação de que a colonização sionista se sustenta pela violência extrema e que a resistência surge como resposta inevitável à negação sistemática da vida. 

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A longa lista de mortos, presos e perseguidos é também o registro histórico de batalhas travadas em cada canto da Palestina, demonstrando que não houve um único período de paz verdadeira sob a ocupação.

Desde sua fundação, a resistência palestina atuou em múltiplos campos: no enfrentamento direto ao aparato militar do ocupante, na arena política, na disputa de narrativas e na construção de uma consciência nacional de libertação. 

Combateu, de forma permanente, todos os projetos que buscavam liquidar a causa palestina por meio de acordos fraudulentos, normalizações impostas e tentativas de convencer o povo de que a derrota era inevitável.

Trata-se de um movimento que se afirma como parte orgânica da luta de libertação nacional palestina, com um projeto político próprio e uma visão que ultrapassa o imediatismo militar.

Sua presença marcou profundamente a história recente da Palestina, não apenas pela resistência armada, mas por sua capacidade de mobilização social, organização popular e enfrentamento simbólico ao discurso colonial que tenta reduzir a Palestina a um “problema humanitário”, apagando sua dimensão política.

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Em um cenário de fragmentação interna — deliberadamente alimentado pela ocupação — a unidade nacional reaparece como necessidade estratégica inadiável. A libertação da Palestina não será obra de um único setor, facção ou liderança, mas do esforço conjunto de todas as forças vivas do povo palestino. Somente a convergência das energias nacionais pode enfrentar um projeto colonial que se apoia no poder militar, no apoio imperialista e na cumplicidade internacional.

A resistência reafirma, de forma clara, que a luta continuará enquanto existir ocupação. Não se trata de obstinação ideológica, mas de coerência histórica. Um povo privado de sua terra, de sua soberania e de seu direito à autodeterminação não pode ser obrigado a aceitar a injustiça como destino. A construção de um Estado palestino livre e digno é um direito inalienável, conquistado pelo sacrifício de gerações inteiras.

Trinta e oito anos depois, a mensagem permanece intacta: a Palestina não foi derrotada, nem será apagada. Gaza em ruínas, cidades cercadas e campos de refugiados superlotados não são sinais de fracasso da resistência, mas provas do caráter brutal do projeto sionista. Enquanto houver ocupação, haverá luta. Enquanto houver injustiça, haverá resistência. A história da Palestina é, acima de tudo, a história de um povo que se recusa a desaparecer.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.