Um alto funcionário da Agência das Nações Unidas para Refugiados da Palestina (UNRWA) condenou na terça-feira o ataque de Israel ao complexo da agência em Jerusalém Oriental, classificando-o como um “desrespeito flagrante” às obrigações de Israel como Estado-membro da ONU, segundo a Anadolu.
Em declarações à Anadolu, o gerente sênior de comunicações da UNRWA, Jonathan Fowler, afirmou que a polícia israelense e funcionários municipais invadiram as instalações da agência na madrugada de segunda-feira, cortando todas as comunicações.
“Eles trouxeram caminhões e empilhadeiras e cortaram todas as comunicações. Em seguida, removeram móveis, equipamentos de TI e outros bens, e a bandeira das Nações Unidas foi retirada do telhado e substituída por uma bandeira israelense”, disse Fowler.
“Isso é um flagrante desrespeito à obrigação de Israel como Estado-membro das Nações Unidas”, acrescentou.
Fowler ressaltou que, embora a UNRWA não opere no complexo de Jerusalém Oriental desde que foi desocupado sob coação em janeiro de 2025, o local continua sendo uma instalação da ONU e, portanto, protegido por convenções internacionais.
“As instalações da ONU são invioláveis. Nada disso deveria acontecer”, disse ele, observando que funcionários da ONU retomaram o acesso ao complexo e passaram o dia anterior avaliando os danos e removendo o que restava no interior.
Ele alertou que a normalização de tais incidentes minaria princípios fundamentais do direito internacional.
“Se esse tipo de coisa se normalizar, estará basicamente corroendo o direito internacional. É algo muito sério”, disse ele.
“E isso não se limita a Israel ou ao Oriente Médio, mas tem um impacto global”, acrescentou.
Fowler saudou a condenação do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, à operação e afirmou que canais diplomáticos estão sendo utilizados para dialogar com as autoridades israelenses. Contudo, reconheceu as limitações da capacidade da ONU de impor o cumprimento das convenções se um Estado optar por não respeitá-las.
Ele acrescentou que outros governos também se manifestaram contra o incidente, descrevendo a operação como parte de uma “nova realidade perigosa” em meio ao desrespeito generalizado ao direito internacional desde a guerra em Gaza.
“Isso precisa parar. É preciso haver uma mudança radical, e precisamos voltar a entender que regras são regras e que devemos viver em um mundo baseado em regras”, disse Fowler.
A UNRWA foi criada pela Assembleia Geral da ONU há mais de 70 anos para auxiliar os palestinos que foram forçados a deixar suas terras.
A agência da ONU enfrenta graves dificuldades financeiras desde que Israel a proibiu de operar em seu território e lançou uma campanha difamatória alegando que membros de sua equipe estavam envolvidos nos ataques de 7 de outubro de 2023. Os funcionários da UNRWA foram obrigados a deixar o complexo no início deste ano.








