Líbano e Israel enviarão delegações lideradas por civis para a próxima reunião do mecanismo de monitoramento do cessar-fogo em Naqoura, no sul do Líbano, na quarta-feira, uma medida rara que sinaliza uma mudança em direção a um engajamento político e técnico mais amplo na gestão dos acordos pós-guerra, informa a Anadolu. O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou em comunicado que seu governo enviará um representante a uma reunião com autoridades governamentais e econômicas libanesas.
Netanyahu disse ter instruído o diretor interino do Conselho de Segurança Nacional de Israel a “enviar um representante em seu nome a uma reunião com representantes governamentais e econômicos do Líbano”.
“Esta é uma tentativa inicial de estabelecer uma base para um relacionamento e cooperação econômica entre Israel e o Líbano”, acrescentou o comunicado.
O Canal 12 de Israel classificou o anúncio como “incomum”.
A declaração de Netanyahu ocorreu horas depois de a emissora pública israelense KAN ter afirmado que Tel Aviv estava se preparando para uma possível escalada militar caso a situação de segurança no Líbano se deteriorasse em meio ao que descreveu como o crescente poderio do Hezbollah.
A presidência libanesa também informou que o ex-embaixador e advogado Simon Karam foi nomeado para liderar a delegação de Beirute na reunião do comitê de monitoramento do cessar-fogo, criado no âmbito do acordo de 27 de novembro de 2024 com Israel.
A porta-voz presidencial, Najat Charafeddine, disse que o presidente Joseph Aoun tomou a decisão após consultas com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, e o primeiro-ministro, Nawaf Salam, e em coordenação com os EUA, que presidem o comitê.
Ela afirmou que Washington informou Beirute que Israel concordou em adicionar um representante não militar à sua delegação.
O comitê inclui representantes do Líbano, Israel, França, EUA e da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL).
Aoun havia declarado anteriormente que as negociações com Israel eram necessárias para resolver as questões pendentes.
Em agosto, o governo libanês iniciou o processo de desarmamento do Hezbollah sob pressão dos EUA e de Israel, embora o grupo tenha rejeitado um plano para colocar todas as armas sob controle estatal e exigido a retirada israelense do território libanês.
Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, Israel matou 335 pessoas e feriu outras 973 em 1.038 ataques desde que o acordo de cessar-fogo entrou em vigor em novembro de 2024.
O exército israelense deveria ter se retirado do sul do Líbano em janeiro deste ano, conforme o cessar-fogo, mas, em vez disso, realizou apenas uma retirada parcial e continua mantendo presença militar em cinco postos de fronteira.
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