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UE afirma que o Sudão se tornou um “pesadelo vivo” e pede cessar-fogo imediato

26 de novembro de 2025, às 04h48

Pessoas deslocadas de El Fasher e outras áreas afetadas pelo conflito são reassentadas no recém-criado campo de El-Afadh, em Al Dabbah, no Estado do Norte do Sudão, em 9 de novembro de 2025. [Stringe/ Agência Anadolu]

A UE alertou na terça-feira que o Sudão enfrenta uma crise humanitária “catastrófica”, instando todas as partes a concederem acesso humanitário irrestrito e a retomarem as negociações para um cessar-fogo imediato, segundo a Anadolu.

A UE alertou na terça-feira que o Sudão enfrenta uma crise humanitária “catastrófica”, instando todas as partes a concederem acesso humanitário irrestrito e a retomarem as negociações para um cessar-fogo imediato, informa a Anadolu.

Em discurso na sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo, a comissária da UE para a Igualdade e comissária interina para a Gestão de Crises, Hadja Lahbib, afirmou que a fome, a desnutrição e as doenças estão se espalhando rapidamente pelo país, enquanto o direito internacional humanitário está sendo violado.

Lahbib descreveu a situação em Darfur e Kordofan como “particularmente chocante”, recordando os “ataques horríveis” contra civis perpetrados no mês passado pelas Forças de Apoio Rápido (RSF) durante a tomada de El-Fasher e Bara.

“Milhares de civis em El-Fasher foram mortos por motivos étnicos, em incursões casa a casa e detenções em massa. As pessoas estão impossibilitadas de sair da cidade”, declarou.

A comissária observou que as RSF continuam a bloquear a assistência humanitária, reduzindo ainda mais o espaço humanitário no Sudão.

Desde que o conflito eclodiu em abril de 2023, mais de 120 trabalhadores humanitários foram mortos, tornando o Sudão “um dos lugares mais mortais do mundo” para o pessoal humanitário.

Lahbib destacou que 21 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar aguda, de acordo com a avaliação mais recente da Classificação Integrada das Fases da Segurança Alimentar, apoiada pela ONU, e alertou que os entraves burocráticos continuam a obstruir as operações de ajuda.

Ela lembrou que os ministros das Relações Exteriores da UE adotaram, na semana passada, sanções contra o segundo em comando das RSF, Abdelrahim Dagalo, por violações dos direitos humanos e reiterou o apelo do bloco por total responsabilização pelas atrocidades cometidas no país.

Lahbib também enfatizou a necessidade de engajamento diplomático com atores regionais para pressionar os lados em conflito.

“Considerando o trabalho do Kuwait, dos Emirados Árabes Unidos, do Egito, da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, temos que levar em conta todos os interesses e atores regionais, incluindo a Turquia”, observou ela.

“O Sudão se tornou um verdadeiro pesadelo para seu povo e uma catástrofe humanitária”, disse ela, acrescentando que o apoio aos esforços humanitários no país continua sendo uma prioridade para a Comissão Europeia.

Em outra declaração, a UE e a União Africana condenaram as atrocidades cometidas pelas Forças de Apoio Rápido (RSF) após a captura da cidade de El-Fasher e instaram ao fim imediato do conflito no Sudão.

Desde abril de 2023, o exército sudanês e as RSF estão envolvidos em uma guerra que as mediações regionais e internacionais não conseguiram pôr fim. O conflito já matou milhares de pessoas e deslocou milhões.

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