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Boicote acadêmico a Israel dobra, mesmo após o fim da guerra em Gaza

25 de novembro de 2025, às 06h50

Estudantes da Universidade Livre de Bruxelas (Vrije Universiteit Brussel, VUB) participam de um protesto exigindo o rompimento de todos os laços acadêmicos com Israel em Bruxelas, Bélgica, em 13 de maio de 2024. [Dursun Aydemir/ Anadolu Agency]

Um relatório israelense citou um aumento acentuado nos boicotes acadêmicos contra pesquisadores e instituições em Israel, mesmo após o fim da guerra em Gaza, segundo a Anadolu.

O relatório, preparado pela Equipe de Monitoramento do Boicote Acadêmico a Israel, criada pelo Comitê de Reitores de Universidades em Tel Aviv, afirma que a imagem negativa de Israel na Europa parece “tão profundamente enraizada que medidas políticas por si só não são suficientes para mudar a percepção pública”.

O relatório, publicado pelo The Marker, a versão econômica do jornal hebraico Haaretz, observou que o fim da guerra em Gaza não reduziu a pressão do boicote.

Em vez disso, “ocorreu o oposto”, com um aumento acentuado nos casos apresentados por instituições e acadêmicos individualmente, acrescentou o relatório.

A equipe alertou que as formas crescentes de boicote acadêmico podem levar o ensino superior israelense a um “isolamento perigoso que representa uma ameaça estratégica real à sua posição internacional”.

Em meados de setembro, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reconheceu pela primeira vez que Israel havia entrado em “uma espécie de isolamento”, afirmando que o país precisa se preparar para uma economia mais autossuficiente.

O número de universidades europeias que impuseram boicotes acadêmicos totais a instituições israelenses aumentou para 1.000 até novembro, observou o relatório.

O relatório também citou novos casos de acadêmicos europeus que se recusam a colaborar com colegas e universidades israelenses.

Afirmou ainda que, em 2025, houve uma queda nas bolsas de pesquisa concedidas a acadêmicos israelenses pelo programa Horizonte Europa da UE, a principal fonte de financiamento para pesquisa científica em Israel.

O declínio está ligado à exclusão de acadêmicos israelenses de projetos de cooperação internacional que buscam financiamento do Horizonte Europa.

Segundo o relatório, 57% dos casos de boicote afetam pesquisadores individuais, principalmente por meio da exclusão de grupos de pesquisa internacionais, enquanto 22% envolvem boicotes institucionais entre universidades europeias e israelenses, 7% referem-se a boicotes impostos por associações profissionais e 14% dizem respeito à suspensão de programas internacionais, como intercâmbios estudantis e parcerias de pós-doutorado.

O relatório concluiu que a tendência provavelmente continuará, afirmando que o movimento de boicote “acompanhará a academia israelense por muito tempo e não diminuirá sem grandes mudanças regionais e geopolíticas”.

Desde outubro de 2023, o exército israelense matou quase 70.000 pessoas em Gaza, a maioria mulheres e crianças, e feriu mais de 170.900 durante uma guerra de dois anos que reduziu a maior parte do enclave a escombros.

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