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Hamas pede investigação internacional sobre tortura de palestinos devolvidos por Israel

18 de outubro de 2025, às 04h47

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), como parte do acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros por reféns entre Israel e o Hamas, transporta os corpos de prisioneiros palestinos mantidos por Israel em Gaza para o Hospital Nasser, onde as famílias identificam seus parentes falecidos, em 16 de outubro de 2025, em Khan Yunis, Gaza. [Abdallah F.s. Alattar/ Agência Anadolu]

O movimento de resistência palestino, Hamas, pediu uma investigação internacional urgente sobre os crimes cometidos por Israel contra palestinos cujos corpos foram entregues a Gaza sob o acordo de cessar-fogo em andamento.

Em um comunicado divulgado na quinta-feira, o Hamas afirmou que os corpos apresentavam sinais claros de tortura, abuso e execuções em campo, acusando o exército israelense de “conduta criminosa e fascista” e de “colapso moral e humanitário”.

“As cenas horríveis nos corpos dos mártires devolvidos pela ocupação — os sinais de tortura, abuso e execuções em campo — revelam claramente a natureza criminosa do exército de ocupação”, diz o comunicado.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, os corpos de 120 palestinos foram entregues por Israel como parte do acordo de troca de prisioneiros que entrou em vigor na última sexta-feira.

Munir al-Barsh, diretor-geral do ministério, disse que muitos dos corpos apresentavam sinais de queimaduras, espancamentos, algemas e vendagens, sugerindo que algumas das vítimas foram torturadas antes de serem mortas.

O ministério afirmou que os corpos foram devolvidos sem identificação, forçando as equipes médicas a recorrer a métodos básicos e manuais para determinar suas identidades. Para auxiliar as famílias na busca por parentes desaparecidos, o ministério publicou um portal online contendo imagens cuidadosamente selecionadas que, segundo ele, “respeitam a dignidade dos falecidos e não violam sua privacidade”.

O Hamas condenou os atos relatados, afirmando que “a ocupação não faz distinção entre vivos e mortos entre nosso povo” e descreveu os assassinatos como “um crime hediondo, equivalente a genocídio”.

O movimento instou organizações internacionais de direitos humanos, as Nações Unidas e o Conselho de Direitos Humanos da ONU a “documentar esses crimes, abrir uma investigação urgente e abrangente e levar os líderes da ocupação à justiça”.

Antes da entrada em vigor do cessar-fogo, Israel mantinha 735 corpos palestinos no que é conhecido como “cemitérios dos números”, de acordo com a Campanha Nacional Palestina para Recuperar os Corpos dos Mártires e Descobrir o Destino dos Desaparecidos, uma organização não governamental.