Israel impede resgate de corpos nas ruas de Gaza, denuncia Defesa Civil

Equipes de ambulâncias e o serviço de Defesa Civil de Gaza relataram graves empecilhos no resgate de mortos e feridos no enclave, ao acusar o exército israelense de impedir seu acesso a áreas atingidas.

Fares Afana, diretor de emergência na Cidade de Gaza e região norte, alertou na segunda-feira (29) que dezenas de corpos continuam espalhados pelas ruas, como nos bairros de Sabra, Tal al-Hawa, al-Shati e Sheikh Radwan.

Afana reiterou que batalhões israelenses impedem o resgate, incluindo tiros e disparos de artilharia a profissionais que tentam intervir e exercer seu trabalho.

Afana advertiu ainda que muitas pessoas permanecem presas sob os escombros, dentre as casas destruídas, sem que as equipes de resgate possam alcançá-las. “Muitos feridos estão morrendo neste exato momento”, observou.

A Defesa Civil notou que cães — também assolados pelo cerco e pela fome — passaram a se alimentar dos corpos que se acumulam.

Mahmoud Basal, porta-voz da Defesa Civil, ressaltou que Israel indeferiu 26 de 27 pedidos de coordenação e resgate nos últimos 22 dias, para além de 70 apelos urgentes somente nas últimas horas.

Restrições, acrescentou Basal, deixam civis e feridos expostos a “enorme risco”.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 66 mil mortos, 168 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Dentre as mortes, cerca de 20 mil são crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

Israel é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

LEIA: Uma em cada cinco crianças de Gaza nasce abaixo do peso, alerta Unicef