Dois anos de genocídio: Por que a resistência de Gaza jamais se renderá

Adnan Hmidan
2 meses ago

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Fumaça sobe da área alvejada pelas forças israelenses na Cidade de Gaza, Gaza, em 27 de setembro de 2025. [Khames Alrefi – Agência Anadolu]

Desde o início da guerra genocida em Gaza, há quase dois anos, o mundo se depara com uma realidade extraordinária: um povo sitiado, cujas casas são arrasadas, cujos hospitais são bombardeados e cujas famílias são dilaceradas, mas que se ergue sob os escombros — às vezes descalço, frequentemente com pouco mais do que armas rudimentares — para desafiar um dos exércitos mais fortemente armados do mundo.

Esta não é simplesmente uma guerra. É um teste existencial para a humanidade. É a prova viva de que a dignidade, quando profundamente enraizada na terra e na crença, pode resistir até mesmo aos mais poderosos arsenais de destruição.

Cenas que desafiam a lógica

Poucas imagens são mais impactantes do que a de jovens palestinos emergindo de bairros destruídos para enfrentar tanques e veículos blindados, confrontando armamento avançado com dispositivos improvisados ​​ou sua pura determinação. Não são retratos cinematográficos; são realidades cotidianas que revelam uma equação mais profunda: quando a fé na justiça se torna energia ilimitada, a tecnologia perde sua vantagem.

Dois anos de fracasso para Israel

Após quase dois anos de tentativas sistemáticas de erradicar Gaza, Israel não conseguiu atingir seus objetivos declarados. A resistência não foi destruída. A rendição não foi imposta. Em vez disso, cada dia expõe a fragilidade das premissas militares e políticas de Israel.

Em vez de enfraquecida, a resistência palestina extraiu mais força de cada sacrifício. Cada mártir, cada casa demolida, cada rua marcada tornou-se mais um motivo para continuar lutando. Relatos até mesmo dentro de Israel apontam para níveis crescentes de trauma e colapso psicológico entre seus soldados. Em contraste, os combatentes de Gaza são movidos pela clareza de sua causa e por sua prontidão para o autossacrifício.

Uma luta de filosofias

O que se desenrola em Gaza não é meramente uma troca de poder de fogo. É um choque de duas filosofias existenciais. De um lado, está uma força obcecada pela sobrevivência individual a qualquer custo. Do outro, está um povo que considera sua sobrevivência e dignidade coletivas mais importantes do que suas vidas pessoais.

Para eles, a resistência não é uma opção tática, mas um imperativo moral. Render-se significaria não apenas a perda de território, mas a obliteração de sua própria existência como povo.

Como o pensador francês Voltaire certa vez observou: “Aquele que luta por algo maior do que si mesmo não pode ser derrotado”. Suas palavras capturam a essência da luta de Gaza.

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Ecos da história

A história testemunhou grandes lutas pela libertação, mas Gaza acrescenta uma nova dimensão. A Argélia suportou mais de 130 anos de domínio colonial francês antes de finalmente conquistar a independência em 1962. O Vietnã, contra todas as probabilidades, exauriu e finalmente derrotou os Estados Unidos, forçando sua retirada em 1975.

Gaza hoje se insere na mesma linhagem de lutas heroicas, mas com uma distinção: o que o mundo testemunha em Gaza nunca foi realmente visto antes. Não se trata apenas de um movimento de guerrilha ou de uma campanha partidária. É uma sociedade inteira — cada beco, acampamento, túnel e casa em ruínas — transformada em uma frente de resistência viva e pulsante.

Aqui, as palavras do comandante palestino Abdul Qader Al-Husseini, proferidas em 1948, soam tão verdadeiras como sempre: “Não posso lutar e pedir rendição ao mesmo tempo. É uma vida de honra ou uma morte digna.”

Mudando o debate global

A resiliência de Gaza não abalou apenas Israel no campo de batalha. Também perturbou a narrativa global. Enquanto Israel justifica seu ataque com a linguagem da “segurança” e da “autodefesa”, Gaza emergiu como um epicentro moral que inspira solidariedade em todo o mundo. Das ruas de Londres e Nova York aos campi nos EUA e na Europa, Gaza desencadeou movimentos por justiça e responsabilização.

O que Gaza oferece ao mundo é mais do que resistência; é um confronto ético com o significado da dignidade humana no século XXI.

Conclusão: Gaza não se curvará

Os combatentes de Gaza são verdadeiramente uma raça de honra incomparável. Não porque possuam tecnologia superior, mas porque personificam algo muito mais raro: convicção em sua causa e uma disposição ilimitada para o sacrifício.

Entre um exército que se agarra desesperadamente à vida e combatentes que veem o sacrifício como uma porta de entrada para a dignidade, é o espírito — não as armas — que, em última análise, prevalece.

Gaza permanecerá inabalável. O que enfrenta não é uma guerra temporária, mas um projeto genocida que visa a apagamento. E, no entanto, seu povo provou que, mesmo nos momentos mais sombrios, uma comunidade unida pela fé e pela justiça pode perdurar.

O mundo raramente viu um desafio coletivo tão constante. Talvez nunca mais veja algo parecido. Pois a resistência de Gaza não é apenas uma história de sobrevivência; é um testemunho vivo de que coragem e sacrifício podem sobreviver a qualquer arma de opressão.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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