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Dua Lipa critica executivos pró-Israel, em meio a perseguição à banda Kneecap

29 de setembro de 2025, às 05h00

Cantora Dua Lipa durante performance com Nile Rodgers, no Madison Square Garden, em Nova York, em 20 de setembro de 2025 [Arturo Holmes/Getty Images for ABA]

A popstar britânica Dua Lipa tem criticado executivos da indústria musical responsáveis por uma campanha de difamação contra o trio de rap irlandês Kneecap, por sua postura pró-Palestina. Recentemente, porém, condenou um rumor divulgado pelo jornal The Mail de que teria demitido seu agente por seu posicionamento pró-Israel.

O tabloide alegou que a cantora teria despedido David Levy, da agência de talentos global William Morris Endeavour (WME), após descobrir que este interviera em um esforço para cancelar a participação do Kneecap no festival de Glastonbury.

Lipa postou em seu Instagram que a história seria “completamente falsa”, mas reafirmou: “Não apoio as ações de David Levy ou quaisquer outros executivos da música contra um ou mais artistas que falam sua verdade”.

“Também não posso ignorar como isso foi tratado pela imprensa”, acrescentou. “Não só a história é completamente falsa, mas a linguagem adotada pelo Daily Mail é inflamatória, feita puramente para conseguir cliques e alimentar a divisão online”.

“Sempre, Palestina livre”, concluiu, “mas explorar uma tragédia global para vender jornais é algo que considero profundamente perturbador”.

Fontes na indústria musical disseram à rede Middle East Eye que a cantora teria preferido romper relações com Levy de maneira discreta, mas não com a agência WME. A agência, no entanto, não confirmou o caso, salvo um comunicado posterior segundo a qual Levy e Lipa teriam rompido ainda em 2019.

Levy foi o primeiro signatário de um e-mail aos organizadores de Glastonbury, salvo Emily Eavis, acusando o Kneecap de expressar apoio a “duas organizações terroristas banidas”, o Hamas e o Hezbollah, durante o festival Coachella em abril.

“Embora apoiemos a liberdade de expressão, não podemos aceitar que seja distorcida a uma retórica odienta que é essencialmente nega o direito de Israel de existir [sic]”, disse o e-mail.

Uma fonte na indústria notou que Levy, que trabalhou previamente com a banda Massive Attack, de Bristol, também pró-Palestina, “foi o principal nome nas ações para cancelar a presença do Kneecap em Glastonbury”.

Lipa, filha de kosovar-albaneses, é uma apoiadora eloquente da libertação palestina. Em postagem de maio de 2024, reiterou: “O mundo inteiro se mobiliza para parar o genocídio de Israel. Por favor, demonstrem sua solidariedade a Gaza”.

Em maio deste ano, esteve dentre centenas de artistas que exigiram do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, que cessasse a venda de armas a Israel.

O e-mail que Levy e outros enviaram aos organizadores de Glastonbury pretendia manter-se confidencial, mas foi vazado por um funcionário. Outro signatário do e-mail, segundo relatos, “se viu forçado a pedir demissão de sua gravadora e perdeu contratos com novos artistas”, que se negaram a trabalhar com um eventual militante pró-Israel.

“Essas pessoas assinaram achando que ficariam anônimas”, disse uma fonte.

Levy, contudo, também assinou uma carta de 12 de outubro de 2023 intitulada “Israel sob ataque”, apenas cinco dias após o regime israelense deflagrar seu genocídio em resposta à operação transfronteiriça do Hamas, ao convocar a “comunidade do entretenimento” a apoiar Israel.

Um funcionário judeu da indústria de entretenimento no Reino Unido observou ao Middle East Eye que defender Israel se torna, cada vez mais, uma posição marginal entre os seus colegas.

“Há ainda algumas pessoas que parecem não aceitar que Israel perdeu completamente a narrativa”, confirmaram algumas fontes. “Podem até tentar trabalhar com a Dua Lipa, mas o único lugar em que encontrarão pessoas com a mesma opinião é nos leilões do Jewish Chronicle e em eventos do Partido Conservador”.

Ao longo de seu genocídio, Israel matou mais de 65 mil pessoas em Gaza.

Publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye, em 22 de setembro de 2025

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.