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ExpressVPN: Quais as implicações da influência de Israel à privacidade online?

23 de setembro de 2025, às 05h11

Usuários de computador em ensaio editorial, em 28 de dezembro de 2012 [Patrick Lux/Getty Images]

Usuários nas redes sociais aderiram a um novo chamado, pelo cancelamento em massa de suas contas do ExpressVPN, após vir a público a propriedade de uma firma israelense de segurança digital sobre o popular serviço de privacidade online.

Em 2021, o Times of Israel confirmou que a Kape Technologies, empresa anglo-israelense, adquiriu o ExpressVPN, um dos maiores provedores de rede privada virtual (VPN), por um valor estimado em quase US$1 bilhão.

Pedidos por cancelamento se intensificaram após usuários das redes sociais começarem a circular informações sobre Teddy Sagi, oligarca israelense e dono da Kape Technologies. Em 2023, recordaram muitos, o jornal israelense The Jerusalem Post divulgou doações de Sagi em cerca e US$1 milhão para o transporte de soldados a Gaza, onde Tel Aviv mantém seu genocídio.

Não são, no entanto, os primeiros apelos, desde a compra. Contudo, diante da catástrofe em curso, vozes por boicote ganharam tração.

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Um VPN é uma ferramenta que codifica o tráfego de internet e mascara a identificação de usuários ao rotear conexões via servidores seguros. Os VPNs costumam ser usados para privacidade, anonimato e contornar censura. A propriedade de tais serviços é vista como tema altamente sensível por indivíduos preocupados com a privacidade.

A Kape Technologies, sediada em Londres, fundada em 2010, tem adquirido uma série de serviços de VPN, incluindo CyberGhost, ZenMate e Private Internet Access.

Em todas as redes sociais, usuários instaram outros usuários a deletarem o aplicativo, ao citar receios sobre vigilância, uso militar e cumplicidade: “Façam um favor a si mesmos e deletem o ExpressVPN. Ninguém quer que Israel tenha suas informações”, comentou um usuário. “Cancelem sua conta do ExpressVPN e avisem todos que vocês conhecem que usem a ferramenta. Boicotem, isolem, ostracizem da humanidade”.

Alguns ativistas compartilharam listas de VPNs pertencentes a empresas israelenses, ao advertir contra serviços que beneficiem a ocupação.

A polêmica sublinha tensões entre geopolítica e privacidade digital. Para muitos usuários, sobretudo no contexto do genocídio em Gaza, confiar seus dados pessoais a companhias israelenses se tornou impensável.

Seja pelo uso de softwares para espionar chefes de Estado, jornalista e ativistas, como se revelou pelo escândalo do Pegasus, ou por reconhecimento facial para “entrincheirar seu apartheid”, Israel se tornou infame por sua indústria de vigilância.

Como disse um tuíte que viralizou: “Israelenses são donos da maioria dos VPNs. Cuidado lá fora. Faça sua pesquisa antes do download”.

Muitos enfatizaram que o boicote não é somente questão de privacidade, mas princípios: “É a hora de boicotar o ExpressVPN. Por razões éticas e de segurança”.

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Chamados por boicote a produtos israelenses refletem campanhas mais abrangentes de solidariedade digital, que ganharam impulso ao longo do genocídio conduzido por Israel em Gaza, desde outubro de 2023, com usuários cada vez mais engajados no escrutínio às estruturas sobre as quais se alicerçam os serviços online.

Postagens chamando o ExpressVPN de cúmplice na violência abundaram, entre as quais: “ExpressVPN apoia o genocídio. Boicote o genocídio”.

Outro usuário pontuou: “Boicote! Empresa israelense apoia o genocídio!”

Publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye, em 18 de setembro de 2025

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.