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Ministro de Israel promete ‘estrangular’ AP para obstruir o Estado palestino

21 de setembro de 2025, às 06h21

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, durante coletiva de imprensa em Jerusalém ocupada, em 25 de janeiro de 2025 [Ronen Zvulun/AFP via Getty Images]

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, prometeu nesta sexta-feira (19) agir pelo colapso da Autoridade Palestina (AP), ao “estrangular” suas finanças, para impedir a formação de um Estado palestino.

“Agirei com todos os meios a meu dispor para inibir o perigo [sic] de um Estado palestino, incluindo via colapso da Autoridade Palestina, ao estrangulá-la economicamente”, disse Smotrich, em postagem na rede social X (Twitter).

Ao ignorar pactos colaboracionistas, como segurança e repressão à resistência, Smotrich voltou a alegar que “a própria essência [da AP] é buscar a destruição de Israel [sic]”.

O ministro congelou a transferência de impostos palestinos coletados por autoridades da ocupação israelense, ao agravar a crise fiscal sofrida pela Autoridade, impossibilitada de pagar a totalidade dos salários do funcionalismo público.

Em 2019, Israel começou a deduzir porções dos tributos sob pretextos ilegais, ampliando o déficit de Ramallah.

Países como França, Austrália, Canadá e Reino Unido — embora condicional — preveem reconhecer o Estado da Palestina na presente Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

Dos 193 Estados-membros da ONU, ao menos 149 reconhecem a Palestina.

Na mesma postagem, Smotrich reiterou seu apelo para anexar ilegalmente 82% das áreas da Cisjordânia: “Aplicar a soberania israelense [sic] é a única maneira de garantir que um Estado palestino não se estabeleça”.

Smotrich assumiu a gestão da ocupação sob o governo de Benjamin Netanyahu, ao impor uma série de avanços coloniais, como demolição de casas, deslocamentos em massa, expropriação de terras e expansão dos assentamentos.

A anexação é vista como golpe final à solução de dois Estados, sob consenso ocidental.

Em ameaça à parte, o ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, difamou a AP como “terrorista” e insistiu que “se não a desmantelarmos, será tarde demais, como aconteceu como Gaza [sic]”.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, em punição coletiva a uma ação transfronteiriça do Hamas, que capturou colonos e soldados. Desde então, são 65 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob destruição e fome.

Na Cisjordânia, ao menos mil palestinos foram mortos, sob invasões militares e pogroms de colonos ilegais — como Smotrich — a cidades e aldeias.

Em julho de 2024, em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, reconheceu a ilegalidade da ocupação, ao pedir evacuação imediata de colonos e soldados, bem como reparação aos nativos.

Em setembro, o apelo avançou a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, por maioria absoluta dos votos, com prazo de um ano para ser implementado — todavia, sem anuência de Israel até então.

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