Geir Pedersen, enviado especial das Nações Unidas para a Síria, confirmou sua renúncia nesta quinta-feira (18), após quase uma década de serviço em meio à guerra civil, rematada em dezembro pelo colapso do regime de Bashar al-Assad.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Informei ao secretário-geral [António Guterres] de minha intenção de deixar o cargo após seis anos e meio como enviado na Síria, e ele gentilmente aceitou meu pedido”, declarou Pedersen ao Conselho de Segurança da ONU, após sessão sobre o país.
De saída, Pedersen saudou o povo sírio por sua “coragem e humanidade extraordinárias”, bem como “resiliência e determinação”.
“É minha intenção já há algum tempo seguir adiante, por razões pessoais, após este longo tempo de serviço”, acrescentou. “Partirei no futuro próximo, mas garanto que continuarei absolutamente comprometido até meu último dia de escritório”.
“Minha experiência na Síria reafirmou uma verdade ancestral, de que é mais escuro antes de amanhecer”, reiterou o diplomata norueguês. “O progresso parecia impossível, até que subitamente emergiu”.
Pedersen instou da comunidade internacional que assegure “dias melhores” à Síria.
Seu sucessor, o advogado sírio-britânico Ibrahim Olabi, tomou o plenário para agradecer aos esforços de Pedersen: “Ser um enviado especial a qualquer conflito certamente não é tarefa fácil”.
“Não me parece algo único à Síria”, observou Olabi, “no entanto, a Síria tem apresentado desafios excepcionais a todos os enviados incumbidos de tamanha responsabilidade. O que é, talvez, único à Síria é que o sr. enviado parte em tom de esperança, uma história de sucesso”.
Pedersen foi nomeado em outubro de 2018, quando o regime de Assad retomava áreas da oposição, via ajuda da Rússia, do Irã e do grupo libanês Hezbollah. Em novembro último, contudo, a mesa virou, com um avanço relâmpago da oposição.
Em 8 de dezembro, Assad deixou o país. Quase imediatamente Israel rescindiu um acordo de zona neutra na fronteira, ao invadir o território e deflagrar bombardeios, que chegaram à capital. A conjuntura, somada à geopolítica regional, introduziu novos desafios.
Em janeiro, a oposição formou um governo interino, sob presidência de Ahmad al-Sharaa.
Pedersen serviu anteriormente como representante pessoal do secretário-geral no sul do Líbano, entre 2005 e 2007, e então coordenador especial da ONU no país, até 2008.
Em 1993, integrou a equipe norueguesa dos Acordos de Oslo que culminou na criação da Autoridade Palestina e reconhecimento mútuo entre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e Israel.
Foi também emissário norueguês na Palestina de 1998 a 2003.
Questionado nesta quinta sobre seus planos, Pedersen sorriu, ao prometer revelá-los em algum momento mais tarde.
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