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Ativistas exigem mais de cúpula árabe-islâmica, após resolução ‘fraca’ no Catar

15 de setembro de 2025, às 12h39

Área de imprensa durante encontro da Organização de Cooperação Islâmica (OCI) e Liga Árabe, em Doha, no Catar, em 15 de setembro de 2025 [Erçin Ertürk/Agência Anadolu]

Plataformas online, em árabe, foram tomadas por críticas sobre o texto preliminar de uma resolução emitida pela cúpula árabe-islâmica em Doha, capital o Catar, convocada após os ataques de Israel ao país na última terça-feira (9), reportou a rede Arab21.

Segundo ativistas, o texto não abarca a gravidade da situação regional, especialmente em Gaza, tampouco reflete a indignação generalizada sobre os eventos.

Usuários da rede social X (Twitter) classificaram a nota como “fraca e decepcionante”, ao pedir posições mais firmes dos regimes árabes diante das sucessivas agressões de Israel. Segundo as denúncias, cidadãos comuns esperam decisões práticas, em vez de somente notas de repúdio.

Ativistas ressaltaram que o texto de Doha reincide em linguagem de encontros passados, incapaz de conter a escalada israelense.

Uma versão atualizada do texto, a ser debatida nesta segunda-feira (15), na continuidade da cúpula, acrescentou que os recentes ataques a Doha, para além das ações em curso, ameaçam a normalização árabe-israelense.

Segundo o novo esboço, “ações hostis, incluindo genocídio, limpeza étnica, fome, cerco e expansão dos assentamentos, ameaçam prospectos de paz e coexistência regional, bem como prejudicam aquilo já conquistado [sic] na normalização de laços com Israel — seja acordos correntes ou futuros”.

Explosões abalaram Doha, na última semana. Tel Aviv reivindicou os ataques, ao admitir tentativa de assassinato de políticos do Hamas, ligados a negociações por cessar-fogo e troca de prisioneiros.

Trata-se de uma agressão inédita ao Catar, parte mediadora do conflito, junto de Estados Unidos e Egito, e regime do Golfo ligado ao Ocidente.

A escalada ocorre no contexto ao genocídio em Gaza — que se aproxima de seu segundo aniversário —, bem como avanços coloniais na Cisjordânia e bombardeios israelenses a Líbano, Iêmen, Síria e, mais recentemente, Irã.

A conjuntura levou Emirados Árabes Unidos — que normalizaram relações com Israel em 2020, sob iniciativa trumpista — a alertar para riscos à “integridade regional”.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 64 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Dentre as mortes, ao menos dezoito mil são crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.