Especialistas de direitos humanos das Nações Unidas reivindicaram nesta terça-feira (9) fim das ameaças e ataques de Israel à Flotilha Global Sumud, rumo a Gaza, para cumprir sua missão de entrega humanitária ao enclave assolado pela fome.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Segundo os relatores independentes, em nota, “quaisquer tentativas de obstruir a flotilha constitui grave violação da lei internacional e dos princípios humanitários”.
O comunicado ressaltou que a missão emergiu do fracasso da comunidade internacional em cessar o cerco militar a Gaza — “ilegal e catastrófico”.
“Ativistas da sociedade civil não teriam de arriscar suas vidas se a Assembleia Geral ou o Conselho de Segurança tivessem tomado ações decisivas para assegurar acesso seguro e desimpedido de ajuda humanitária a Gaza”, observaram os especialistas.
“Os Estados devem agir agora ou arrisca maior cumplicidade com as graves violações dos direitos palestinos”, alertou a nota. “Estados devem deixar claro que não tolerarão mais o bloqueio humanitário a uma população sob fome e genocídio”.
Sobre ameaças recentes de prisão contra os ativistas, do ministro de Segurança de Israel, Itamar Ben-Gvir, os especialistas notaram que “tais medidas seriam ilegais e equivalentes a punição coletiva, intimidação e represália contra agentes humanitários”.
Nesta terça-feira, em menos de 24 horas, dois incidentes envolvendo drones e explosões incidiram a barcos da flotilha, aportados na Tunísia.
A Flotilha Global Sumud, com cerca de 200 ativistas de 44 países, partiu de Barcelona, na Espanha, em 1º de agosto.
Entre os tripulantes, estão a ativista sueca Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila, o ator irlandês Liam Cunningham e a ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau.
Estima-se que a frota final contenha até 500 pessoas e 60 barcos. Duas iniciativas prévias — com apenas um barco cada: Madleen, em junho, e Handala, no mês seguinte — foram interceptadas ilegalmente em alto-mar por Israel.
Israel mantém embargo quase absoluto à assistência humanitária a Gaza, ao assumir o controle da distribuição mediante a chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), mecanismo militarizado responsável por mais de mil mortes.
As ações israelenses, investigadas como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, deixaram ao menos 63 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome, desde outubro de 2023.
Na semana passada, a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do consórcio da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), declarou oficialmente a fome generalizada em Gaza, com centenas de milhares afetados.
![Flotilha Global Sumud, rumo a Gaza, chega na Tunísia, em 7 de setembro de 2025 [Mohamed Mdalla/Agência Anadolu]](https://www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2025/09/AA-20250907-39047689-39047681-BOATS_OF_THE_GLOBAL_SUMUD_FLOTILLA_BEGIN_ARRIVING_OFF_TUNISIA.webp)