Explosões abalaram Doha, capital do Catar, nesta terça-feira (9), com fumaça tomando os céus em meio a relatos de um ataque militar. Tel Aviv reivindicou as explosões, ao admitir tentativa de assassinato de políticos palestinos.
As informações são das redes Al Jazeera e Anadolu.
Trata-se de uma agressão inédita ao Catar, mediador entre Israel e o movimento palestino Hamas, para um acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo em Gaza.
A escalada ocorre no contexto ao genocídio em Gaza — que se aproxima de seu segundo aniversário —, bem como avanços coloniais na Cisjordânia e bombardeios israelenses a Líbano, Iêmen, Síria e, mais recentemente, Irã.
Um porta-voz israelense confirmou que suas forças conduziram um “ataque de precisão” à liderança do movimento palestino Hamas, sem especificar localidade. Um oficial sênior israelense repetiu a alegação à agência Walla.
“As Forças de Defesa de Israel [sic] e o Shin Bet [agência de inteligência], via Força Aérea, executaram um ataque à cúpula da organização terrorista Hamas [sic]”, declarou em nota o exército da ocupação israelense.
O gabinete do primeiro-ministro e foragido internacional Benjamin Netanyahu sugeriu que o ataque se deu de maneira “totalmente independente”, ao aparentemente absolver uma participação ou coordenação de Washington.
“As ações de hoje contra caciques terroristas [sic] do Hamas foram uma operação nossa, totalmente independente”, insistiu Netanyahu nas redes sociais. “Israel deu início, Israel executou, Israel assume a responsabilidade”.
Fontes militares dos Estados Unidos na região disseram à emissora catari Al Jazeera não ter sido informadas sobre os ataques. No entanto, reiteraram não poder falar em nome da Casa Branca.
Elogios à agressão cruzaram o espectro político no Estado ocupante.
Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, de extrema-direita, ameaçou: “Terroristas [sic] não terão impunidade onde quer que estejam”. Yair Lapid — ex-premiê, líder da oposição, considerado centrista — parabenizou uma ação “excepcional”.
Uma fonte do Hamas notou que o ataque coincide com discussões entre negociadores do grupo sobre uma nova proposta dos Estados Unidos, sob Donald Trump, para um acordo em Gaza. Segundo o Hamas, o plano não prevê, porém, o fim da guerra.
De acordo com o oficial, a delegação em Doha sobreviveu ao ataque.
O Ministério de Relações Exteriores do Catar condenou o ataque, ao caracterizá-lo como “violação flagrante da lei internacional”.
Majed Al Ansari, porta-voz da chancelaria, ressaltou que o país “condena nos mais fortes termos” o ataque a seu território, incluindo edifícios residenciais. A região, reportou um correspondente internacional, contém ainda embaixadas estrangeiras.
Segundo as informações, os edifícios alvejados abrigavam membros do gabinete político do Hamas — isto é, alheios ao campo de batalha.
“Este ataque criminoso constitui flagrante violação das leis e normas internacionais, bem como grave ameaça à segurança e bem-estar de cidadãos cataris e residentes do Catar”, advertiu Doha em comunicado.
“Para além de condenar veementemente este ataque, o Estado do Catar reafirma que não tolerará tamanho comportamento inconsequente de Israel e sua continuada sabotagem à segurança regional, além de ações contra nossa soberania”, acrescentou.
“Investigações estão em curso no mais alto escalão; maiores detalhes serão anunciados assim que disponíveis”, concluiu.








