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‘Não conclusivo’: Reino Unido assume negacionismo sobre genocídio em Gaza

9 de setembro de 2025, às 15h01

Então ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, chega à sede do governo, em Downing Street, Londres, em 2 de setembro de 2025 [Rasid Necati Aslim/Agência Anadolu]

O governo do Reino Unido, sob o primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer, alegou que a situação em Gaza é “absolutamente chocante”, mas que não considera a conjuntura, há quase dois anos, como genocídio.

“O governo não concluiu que Israel age com esse intento”, declarou uma carta datada de 1º de setembro, reportada pela imprensa nesta segunda-feira (8), a despeito de diversas declarações de dolo e desumanização de lideranças israelenses.

A carta é atribuída a David Lammy, então secretário de Relações Exteriores, promovido a vice-premiê na última semana, em resposta ao Comitê de Desenvolvimento Internacional do Parlamento, sobre o envio de jatos F-35 a Israel.

Conforme a petição, o abastecimento contínuo de itens militares pode implicar Londres, direta ou indiretamente, na crise, ao pôr em dúvida o cumprimento de responsabilidades legais do país para prevenir um genocídio.

Lammy se tornou notório por posições negacionistas, como ao refutar a ilegalidade dos ataques israelenses ao Irã.

A carta contradiz ainda a persistente posição do governo de que a questão do genocídio e suas implicações seria pauta ao Judiciário, e não ao Executivo.

Em julho, diante da escalada da fome em Gaza e posturas similares de aliados ocidentais, como França e Canadá, Starmer prometeu reconhecer o Estado palestino na Assembleia Geral da ONU, salvo em caso de “passos substanciais” de Israel.

Apesar da negativa, Lammy admitiu que o regime ocupante “tem de fazer mais para evitar e aliviar o sofrimento causado por esse conflito”.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 64 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Dentre as mortes, ao menos dezoito mil são crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024. Governos e companhias podem ser implicadas como cúmplices ao longo do processo.