Um grupo de organizações da sociedade palestina, com apoio internacional, deu início a um chamado à ação, incluindo ativistas, ambientalistas e trabalhadores, para cessar o fluxo de insumos energéticos a Israel, no contexto do genocídio em Gaza.
Segundo petição, endereçada a cinco gigantes do comércio marítimo, a demanda decorre da crise de fome, formalizada pelas Nações Unidas na semana passada, com impacto em potencial a dois milhões de palestinos.
A carta nota o cerco militar israelense, intensificado desde março, com fechamento total das travessias de fronteira, como responsável pela epidemia de fome.
“Israel não está fazendo isso sozinho”, ressaltou. “Depende de combustíveis importados para abastecer seus tanques, soldados e maquinário militar, para continuar seu ataque e bloqueio em andamento”.
“Uma parte crucial da cadeia de suprimentos de combustível de Israel são empresas de transporte de cargas”, acrescentou. “Essas empresas auxiliam e participam da campanha genocida de Israel contra o povo palestino — e precisam ser responsabilizadas”.
CITAÇÃO
Precisamos agir agora. Se milhares de pessoas ao redor do mundo se levantarem e exigirem que essas 5 gigantes do transporte marítimo cortem imediatamente os laços com empresas que abastecem o apartheid e genocídio, podemos escancarar sua cumplicidade e forçá-las a respnder.
As firmas peticionadas são Minerva Marine, TMS Tankers, Thenamaris Ships Management, Golden Ocean Management e Golden Union Shipping Co.
A carta nota ainda que a corporação Maersk anunciou corte de relações com companhias ligadas a assentamentos ilegais israelenses na Cisjordânia e Jerusalém ocupadas, assim como fornecedores envolvidos em outras violações de direitos humanos.
A petição menciona também dossiê recente de Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os direitos humanos na Palestina, com denúncias a uma série de empresas — incluindo a Petrobrás — no que caracterizou como “economia do genocídio”.
Às companhias, os signatários alertam para responsabilidade legal, incluindo escritórios de gestão, proprietários de navios e donos de carga, envolvidos em uso civil e militar, por parte de Israel, em violações da lei internacional.
A petição é iniciativa da Global Energy Embargo for Palestina — rede global que corrobora alertas de pesquisadores, ativistas, ambientalistas, sindicatos e outros, com um “objetivo comum: embargo total de energia contra Israel, pelo fim de seu genocídio e do regime de apartheid e limpeza étnica contra o povo palestino”.
“Ao longo da história anticolonial, embargos de energia, mobilizados por sindicatos e por reivindicações populares, efetivamente pressionaram regimes no Oriente Médio e além”, recorda o website. “Hoje, são uma ferramenta poderosa para aplicar a lei internacional e compelir Israel a dar fim a seu regime colonial e genocida”.
As demandas são: fim das importações e exportações de energia de e para Israel, além de desinvestimento de projetos de extração e parcerias com firmas israelenses.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 63 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Dentre as mortes, ao menos dezoito mil são crianças.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024. Entidades públicas e privadas podem ser implicadas como cúmplices ao longo do processo.
![Palestinos fogem do norte de Gaza, sob destruição e ataques de Israel, em 3 de setembro de 2025 [Mahmoud Abu Hamda/Agência Anadolu]](https://www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2025/09/DF.jpg)