clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Relatoras da ONU pedem ação internacional ‘antes que Israel silencie Gaza’

5 de setembro de 2025, às 10h51

Ibrahim Kannan, jornalista palestino de 53 anos, ferido na perna por ataques de Israel, mantém cobertura de uma tenda em frente ao Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul de Gaza, em 3 de setembro de 2025 [Abdallah F.S. Alattar/Agência Anadolu]

Especialistas de direitos humanos das Nações Unidas condenaram a morte de mais seis jornalistas palestinos por forças israelenses em Gaza em apenas dez dias, ao advertir que a comunidade internacional deve agir antes de mais baixas.

As informações são da agências de notícias Anadolu.

“Instamos a comunidade internacional — Estados-membros e órgãos fundamentais das Nações Unidas — a agirem sem mais demora, antes que Israel silencie todas as vozes em Gaza”, declararam Irene Khan e Francesca Albanese, relatoras especiais para a liberdade de expressão e os direitos humanos nos territórios palestinos, respectivamente.

Ao menos 248 jornalistas foram mortos por Israel em Gaza desde outubro de 2023 — um recorde em conflitos modernos —, segundo os peritos.

“Por um lado, Israel continua a negar acesso à mídia internacional; por outro, mata com impunidade jornalistas locais, que são as únicas lentes profissionais do mundo à agonia do genocídio e da fome que transcorrem em Gaza”, ressaltou a nota.

Apesar da fome, deslocamento e disparos diretos, jornalistas permanecem reportando as atrocidades em campo, incluindo genocídio e fome, segundo as especialistas.

As últimas mortes sucederam escalada militar na Cidade de Gaza, após uma quinzena de um bombardeio israelense ao Hospital al-Shifa matar seis repórteres, incluindo Anas al-Sharif, da rede Al Jazeera. Dias depois, foi a vez do Hospital Nasser, em Khan Younis, com outros seis correspondentes mortos.

Albanese e Khan pediram investigações penais sobre os ataques, bem como indenização às famílias.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 63 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Dentre as mortes, ao menos dezoito mil são crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.