Abdel Hakim el-Waer, diretor-geral-ajunto da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), agência das Nações Unidas, ressaltou nesta quarta-feira (27) que a entrada de 600 caminhões por dia na Faixa de Gaza — como antes de outubro de 2023 — não pode mais ser considerada padrão.
O oficial explicou que Gaza, apesar do cerco, usufruía previamente de autossuficiência na produção de alimentos e insumos agrícolas, incluindo exportação, mas que as condições mudaram drasticamente desde então.
À rede Al-Mamlaka TV, el-Waer estimou que mesmo mil caminhões por dia não bastariam para suprir as demandas alimentares atuais, ao ressaltar a urgência da abertura de todas as travessias de fronteira, com acesso humanitário massivo e distribuição adequada aos centros populacionais.
Ao corroborar a declaração oficial de crise de fome das Nações Unidas na última semana, el-Waer observou que o quinto estágio de fome (catástrofe) implica que as famílias estão sem receber sequer uma refeição completo por dez dias consecutivos.
LEIA: Epidemias ameaçam a vida de crianças em Gaza
Na sexta-feira (22), o coletivo de experts constituído na Classificação Integrada de Fases para Segurança Alimentar (IPC, em inglês), reconheceu e detalhou a epidemia de fome na Faixa de Gaza, com até um milhão de afetados, incluindo óbito em massa.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 62 mil mortos, 155 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco e destruição. Dentre as fatalidades, ao menos dezoito mil são crianças.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
LEIA: Déficit habitacional em Gaza excede 96%, deslocamento ao sul é ‘impossível’








