As agências internacionais Associated Press (AP) e Reuters reivindicaram nesta terça-feira (26) responsabilização do exército israelense por um ataque direto ao Hospital Nasser, no sul de Gaza, nesta segunda, com ao menos 20 mortos, incluindo cinco jornalistas.
Entre as fatalidades, três eram correspondentes das agências supracitadas.
Em carta conjunta ao governo israelense, Julie Pace, editora executiva da AP e Alessandra Galloni, editora-chefe da Reuters, afirmaram “indignação” que repórteres independentes estivessem entre os mortos pelo bombardeio.
“Os fotojornalistas freelance Mariam Abu Dagga e Moaz Abu Taha trabalhavam para a AP e Reuters respectivamente, além de outras redes de imprensa durante a guerra”, apontaram as editoras. “O cinegrafista Hussam al-Masri, contratado da Reuters, também foi morto, e Hatem Khaled, também fotógrafo da Reuters, foi ferido”.
A carta destacou que as vítimas estavam presentes no local em capacidade profissional, para documentar a conjuntura, enquanto Israel impede acesso de repórteres estrangeiros há quase dois anos.
O exército israelense admitiu o ataque, negou atacar jornalistas — a despeito de variados incidentes — e alegou abrir um inquérito interno.
As editoras, no entanto, expressaram dúvida, ao observar que investigações prévias de Tel Aviv “raramente resultaram em esclarecimento ou justiça”.
“Atacar um hospital, seguido por outro ataque enquanto jornalista e socorristas reagiam, incita questões urgentes se obrigações internacionais sobre a proteção de civis, incluindo jornalistas, estão sendo respeitadas”, acrescentou a carta.
Além de Abu Dagga, Abu Taha e al-Masri, faleceram também Mohammad Salama, fotógrafo da Al Jazeera, e Ahmed Abu Aziz, jornalista independente.
Em ocasião paralela, em Khan Younis, disparos israelenses mataram o repórter palestino Hassan Douhan, do jornal Al-Hayat Al-Jadida, com uma baixa de seis vítimas fatais dentre a categoria apenas nesta segunda, somando 246 desde outubro de 2023.
Pace e Galloni pediram de Israel salvo-conduto a jornalistas independentes, ao ressaltar a demanda por “responsabilização plena e transparente” sobre os ataques ao complexo de saúde Nasser, no sul do território.
Trabalhadores de imprensa são categoria protegida pela lei internacional. Israel, contudo, trata comunicação como parte fundamental de sua política de propaganda de guerra, em detrimento dos direitos da liberdade de imprensa, assim como dos direitos do público a transparência e informação.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 62 mil mortos, 155 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob destruição e fome. Dentre as vítimas fatais, dezoito mil são crianças.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.








