Ministros supremacistas de Israel voltaram a defender abertamente a fome como arma de guerra na Faixa de Gaza, durante recente encontro do Gabinete de Segurança, incluindo discussões acaloradas com o comandante máximo do exército, Eyal Zamir.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Os confrontos eclodiram na noite de sábado (23), em torno das estratégias assumidas ao longo da Operação Carruagem de Gideão 2, que antevê ocupação absoluta da Cidade de Gaza e deslocamento de cerca de um milhão de palestinos.
O ministro das Finanças Bezalel Smotrich exigiu medidas ainda mais duras contra os civis que permanecerem em Gaza: “Mandamos você realizar uma operação rápida. Sitie eles [sic]. Quem não quiser evacuar, não deixe. Sem água, sem luz, que morram de fome ou se rendam. É isso que queremos”.
Zamir contestou — embora no campo logístico do morticínio. Para o militar, cronogramas abertos não são realistas, mas sim contingentes das condições em campo.
“Estamos operando em outras regiões, em Khan Younis e Rafah”, argumentou Zamir. “Mas as realidades militares requerem tempo e planejamento”.
A disputa escalou com a intervenção do ministro de Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir, que acusou Zamir de vacilação: “Você está com medo do procurador-geral!”
Smotrich seguiu ao repreender o general por desacatar ordens políticas: “Não foi isso que mandamos você fazer!”
Zamir reagiu: “Você não entende nada! Você não sabe a diferença entre uma brigada e um batalhão. Essas coisas levam tempo”.
Segundo a televisão israelense, o premiê e foragido internacional Benjamin Netanyahu e ministros de alto escalão, como Israel Katz (Defesa), preferiram silêncio, senão ao alegar “pressão dos Estados Unidos por soluções rápidas”.
O gabinete deve voltar a se reunir nesta terça-feira (26), sobre a mesma pauta.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 62 mil mortos, 155 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob destruição e fome. Dentre as vítimas fatais, dezoito mil são crianças.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
![Bezalel Smotrich, ministro das Finanças de Israel, em entrevista em Tel Aviv, em 5 de dezembro de 2024 [Kobi Wolf/Bloomberg via Getty Images]](https://www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2025/08/GettyImages-2188472671-scaled-e1737024177461.webp)