Israel bombardeia hospital em Gaza e mata jornalistas ao vivo

3 meses ago

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Jornalistas mortos por Israel em Gaza: Mariam Abu Daqqa, repórter da Associated Press e colaboradora do MEMO, Hossam el-Masry, fotógrafo da Reuters; Mohamed Salama, fotógrafo da Al Jazeera; e Moaz Abu Taha, colaborador da rede NBC [MEMO/Reprodução]

Ao menos 20 pessoas, incluindo cinco jornalistas e um bombeiro, foram mortos por um bombardeio direto de Israel ao Hospital Nasser de Khan Younis, no sul de Gaza. O ataque, em duas baterias, com dezenas de feridos, foi flagrado por transmissão ao vivo.

Correspondentes da agência Anadolu, entre outros repórteres e testemunhas, reportaram um disparo israelense à ala al-Yassin, andar superior do prédio de emergência.

Segundo autoridades locais, o exército colonial atingiu o quarto andar de um dos edifícios em dois ataques consecutivos; o segundo, quando equipes de resgate tentavam evacuar as vítimas, entre mortos e feridos.

Entre os mortos, Mariam Abu Daqqa, repórter da rede Associated Press, colaboradora do MEMO; Hossam el-Masry, fotógrafo da agência Reuters; Mohamed Salama, fotógrafo da Al Jazeera; e Moaz Abu Taha, colaborador da rede NBC.

Um quinto jornalista, Ahmed Abu Aziz, sucumbiu de seus ferimentos. 

A agência Reuters confirmou que sua transmissão em vídeo, ao vivo do hospital, operada pelo cinegrafista al-Masry, foi subitamente interrompida pelo ataque.

Salama, da Al Jazeera, casou-se com a também jornalista Hala Asfour no último ano. Abu Daqqa deixa um filho de 12 anos, evacuado neste ano de Gaza, segundo Abby Sewell, da Associated Press.

No Twitter (X), comentou Sewell: “Ela era uma verdadeira heroína, como todos os nossos colegas na Faixa de Gaza”.

A Defesa Civil palestina informou em nota que um motorista de bombeiros faleceu, além de sete feridos de sua equipe, que operavam em cena após a primeira bateria israelense. Dois dos últimos veículos remanescentes da agência foram destruídos.

Um porta-voz notou se tratar do 26º ataque a socorristas em serviço, ao reiterar: “Forças israelenses atacaram nossas equipes hoje. O mundo inteiro viu”.

O incidente se deu em menos de 15 dias após o assassinato do jornalista da Al Jazeera, Anas al-Sharif, junto de quatro colegas, por um ataque a drone nos arredores do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza.

A mais recente chacina eleva o número de jornalistas mortos em Gaza, desde outubro de 2023, a ao menos 273 vítimas, conforme contagem das agências de imprensa. 

Israel admitiu em comunicado “um ataque à região do Hospital Nasser”, no entanto, sem detalhes, salvo a alegação facciosa de “não alvejar jornalistas”.

Hind Khoudary, correspondente da Al Jazeera, desmente: “Quantas vezes mais teremos de cobrir o assassinato de colegas em Gaza? … Privados há dois anos de luz e internet, nós, jornalistas palestinos, reportamos de hospitais para seguir com o trabalho”.

Hospitais são também epicentro de notícias, com centenas de mortos e feridos chegando diariamente, para além do contexto de desnutrição em massa, corroborado como crise de fome por agências das Nações Unidas na semana passada.

A Anistia Internacional alertou que “nenhum conflito na história moderna teve número tão alto de repórteres mortos do que o genocídio de Israel contra os palestinos de Gaza”.

Hospitais tampouco foram poupados, com a destruição da infraestrutura de saúde, junto ao cerco militar que impede acesso a insumos básicos, incluindo medicamentos.

Trabalhadores de imprensa são categoria protegida pela lei internacional. Israel, contudo, trata comunicação como parte fundamental de sua política de propaganda de guerra, em detrimento dos direitos da liberdade de imprensa, assim como dos direitos do público a transparência e informação.

Dado que correspondentes estrangeiros seguem impedidos de entrar em Gaza, somente jornalistas palestinos — em contrato freelance ou mesmo voluntário — permanecem no enclave, incumbidos de cobrir seu próprio morticínio.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 62 mil mortos, 155 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob destruição e fome. Dentre as vítimas fatais, dezoito mil são crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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