O exército de Israel estendeu neste sábado (23) ataques a al-Mughayyir, na Cisjordânia ocupada, pelo terceiro dia seguido, incluindo invasão de casas, prisões de residentes e destruição de terras agrícolas.
O ativista local Mohammed Abu Alia reportou incursões a 30 casas, com saques e gás lacrimogêneo. Residentes e jornalistas foram impedidos de entrar na aldeia. Algumas famílias permanecem presas fora de seus bairros desde quinta-feira.
Tratores israelenses aplainaram terras para abrir caminho a uma nova estrada de uso exclusivo de colonos ilegais, na periferia leste. Centenas de árvores foram arrancadas no processo.
Segundo a Comissão Palestina de Defesa da Terra, ordens militares alvejaram cerca de 300 dunums (73 acres) de áreas produtivas.
Rawhi Fattouh, chefe do Conselho Nacional Palestino, denunciou as ações como parte de uma “política sistemática de deslocamento à força e limpeza étnica”. Fattouh disse que a violência em al-Mughayyir está vinculada diretamente à agenda colonial ampla, incluindo o recente plano E1, a leste de Jerusalém.
“Isso tampouco está à parte dos eventos em Gaza — genocídio, cerco e fome — como parte de uma mesma campanha contra os palestinos”, indicou Fattouh, ao instar ação urgente da comunidade internacional, bem como justiça aos perpetradores.
Na sexta-feira, a agência israelense Shin Bet confirmou prender um palestino suspeito de abrir fogo em al-Mughayyir, contra um colono ilegal. Vídeos compartilhados online, no entanto, flagraram soldados atacando veículos e terras.
Israel intensificou ataques à Cisjordânia no contexto do genocídio em Gaza, com mais de mil mortos e sete mil feridos, além de dez mil presos arbitrariamente.
Em julho de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, admitiu em decisão histórica a ilegalidade da ocupação na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ao instar evacuação imediata de colonos e soldados e reparações aos nativos.








