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Chefe militar de Israel ignora cessar-fogo, detalha planos de ocupação em Gaza

20 de agosto de 2025, às 15h39

Eyal Zamir, chefe do Estado-maior israelense, durante visita de campo a tropas coloniais [Exército de Israel/Divulgação/Agência Anadolu]

O major-general Eyal Zamir, chefe do Estado-maior do exército israelense, detalhou fases a um plano para ocupar plenamente a Cidade de Gaza, ao ignorar negociações sobre um possível cessar-fogo e troca de prisioneiros junto do grupo Hamas, reportou a agência de notícias Anadolu.

Conforme a rádio militar Kan, Zamir ratificou oficialmente o plano no domingo (17), após impasses políticos e logísticos com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Nesta terça (19), o ministro da Defesa Israel Katz deu sua anuência.

Na primeira quinzena de agosto, a gabinete de segurança aprovou o plano, ao indicar para absoluta reocupação colonial do enclave, a despeito de protestos internacionais.

O plano inclui o deslocamento de ao menos um milhão de palestinos a bantustões no sul, bem como cerco militar à cidade e incursões diretas a distritos residenciais.

Em 11 de agosto, como primeiro passo, o exército ocupante lançou ataques de massa ao bairro de Zeitoun, incluindo explosões de casas com robôs, artilharia e disparos a esmo, e culminando em deslocamento de civis.

Segundo a rede israelense Walla, o estratagema de Zamir incorpora “lições e princípios” a fim de tornar a ocupação ilegal “mais efetiva”.

Zamir encomendou reforços a batalhões do exército no front norte, para avalizar a tomada de terras, sob pressuposto de ampliar pressão ao Hamas e capturar áreas. As missões, de acordo com as informações da imprensa, devem caber a forças regulares.

Os preparativos desconsideram proposta de Egito e Catar, mediadores, por cessar-fogo e troca de prisioneiros, aprovada pelo Hamas e supostamente sob avaliação israelense.

A mobilização da semana passada, com participação da Turquia, prescindiu da presença dos Estados Unidos, com o presidente Donald Trump concentrado na guerra entre Rússia e Ucrânia e em tratativas com seu homólogo russo, Vladimir Putin.

Na terça-feira (12), uma delegação do Hamas, chefiada por Khalil al-Hayya, líder político do movimento, chegou ao Cairo, para debater a matéria. A visita sucedeu impasse, após a retirada das partes israelo-americanas das conversas de Doha, em julho.

Israel deflagrou seu genocídio em Gaza em outubro de 2023, como retaliação e punição coletiva a uma ação transfronteiriça do Hamas que capturou colonos e soldados. Desde então, ao menos 62 mil palestinos foram mortos — dezoito mil, crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

O Hamas tem declarado há meses intenções de firmar um acordo — sem aval israelense. Netanyahu é acusado de minar negociações por interesse próprio, sob receios de colapso de seu governo e eventual prisão por corrupção em três casos em curso.

Em março, Israel rescindiu unilateralmente um acordo de janeiro para cessar-fogo e troca de prisioneiros, ao retomar seus ataques intensivos a Gaza, assim como cerco absoluto, culminando em uma catástrofe de fome.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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