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Novo projeto colonial deve deslocar sete mil na Cisjordânia, alertam oficiais

19 de agosto de 2025, às 11h51

Forças israelenses escoltam colonos ilegais em cerco à aldeia de Sa’ir, em Hebron, na Cisjordânia ocupada, em 18 de agosto de 2025 [Wisam Hashlamoun/Agência Anadolu]

Um novo projeto de assentamentos ilegais israelenses incorrerá no deslocamento à força de cerca de sete mil palestinos nativos na Cisjordânia ocupada, advertiu na segunda-feira (18) o Gabinete de Governo de Jerusalém, segundo informações da rede Anadolu.

Na semana passada, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, que acumula a pauta de assentamentos no Ministério da Defesa, deferiu planos à construção de mais de ao menos 6.900 unidades coloniais dentro e ao redor de Ma’ale Adunim, sob o projeto E1, voltado a romper a contiguidade territorial palestina entre Ramallah e Belém.

Em nota, o Governo de Jerusalém confirmou que ao menos 22 comunidades beduínas na região serão diretamente afetadas pelo “esquema colonial israelense”.

O gabinete alertou ainda que o plano deve isolar as comunidades de Jabal al-Baba e Wadi Wadi Jamil da aldeia próxima de al-Eizariya.

Todos os assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados são ilegais sob a lei internacional e resoluções das Nações Unidas. Estados ocidentais repudiam avanços, ao indicar prejuízo à chamada solução de dois Estados.

A decisão de ressuscitar o projeto E1 deve agravar tensões regionais e internacionais, em paralelo ao genocídio em Gaza.

Para a ong israelense Peace Now, o esquema é como um “golpe de nocaute” à solução de dois Estados, ao cortar a Cisjordânia de Jerusalém.

Israel assumiu as medidas em retaliação diplomática, após países aliados, como França, Reino Unido e Austrália sugerirem reconhecer o Estado palestino em setembro, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, devido à conjuntura.

Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado, ao citar resoluções internacionais que condenam a ocupação e anexação israelenses.

No contexto do genocídio em Gaza — com 62 mil mortos e 155 mil feridos —, mais de mil palestinos foram mortos e sete mil feridos sob incursões militares e pogroms coloniais na Cisjordânia e em Jerusalém ocupadas.

Em julho de 2024, em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, admitiu a ilegalidade da ocupação israelense nos territórios de 1967, ao instar evacuação imediata de colonos e soldados, bem como reparações aos nativos.

Em setembro passado, a medida avançou a resolução da Assembleia Geral, com maioria absoluta dos votos e prazo de um ano para ser implementada; contudo, sem anuência do Estado de Israel.

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