Uma análise vazada, publicada pelo jornal escocês The National, fomentou dúvidas sobre a justificativa empregue pelo governo em Londres para criminalizar o grupo de ação direta Palestine Action, no último mês.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
O ativista e blogueiro Craig Murray obteve, via fontes anônimas, um documento do Centro Conjunto de Análise sobre Terrorismo (JTAC), sobre a proscrição da organização, sob o Ato de Combate ao Terrorismo.
O vazamento corrobora “mentiras consistentes” da secretária do Interior, Yvette Cooper, em uma “tentativa desesperada para defender a proibição”. Segundo os registros, o JTAC avaliou a denúncia de “atos de terrorismo”, mas concluiu nenhuma ligação.
Para o comitê, as atividades do Palestine Action não se classificam como terrorismo, sob definição estabelecida pela Seção 1 da legislação deferida nos anos 2000.
Em junho, a gestão trabalhista de Keir Starmer acatou a medida, após ativistas picharem aviões da Força Aérea Real em protesto à cumplicidade britânica com o cerco e genocídio israelenses na Faixa de Gaza.
A criminalização foi então aprovada em julho, por ambas as câmaras do Reino Unido.
A ação foi rechaçada por organizações de direitos e órgãos das Nações Unidas, incluindo o Alto-Comissariado para Direitos Humanos.
Diante do impasse, a Suprema Corte deferiu a Huda Ammori, cofundadora do movimento, a apelar contra a ordem. Neste contexto, a relatoria da ONU para contraterrorismo obteve autorização para intervir na revisão judicial sobre o caso.
Na última semana, atos de massa pró-Palestina, que se tornaram frequentes em Londres, assumiram enfoque na solidariedade ao Palestine Action, apesar de ameaças e repressão policial, com cerca de 500 de manifestantes presos.
Os ativistas exibiam bandeiras palestinas e faixas com dizeres como “Contra o genocídio, apoio o Palestine Action”.
Na quarta-feira (13), organizadores dos atos — do grupo Defend Our Juries — prometeram dobrar a presença nas ruas.
“É vital que nossa campanha tenha êxito, não apenas para o Palestine Action, mas para a democracia”, ressaltou o movimento em nota. “Uma vez que o termo ‘terrorismo’ deixe de indicar violência contra civis para se impor a quem pressiona o mercado ou os poderosos, a liberdade de expressão perde o sentido, e a democracia está morta”.
“Se isso passar, sindicatos e movimentos por justiça climática e racial serão os próximos”, acrescentou o comunicado.
O Palestine Action conduz ações diretas contra empresas armamentistas ou empreiteiras associadas, que emitem recursos a Israel, sobretudo no contexto do genocídio em Gaza, com 62 mil mortos e dois milhões de desabrigados em quase dois anos.
![Protesto em apoio ao Palestine Action, em Londres, em 9 de agosto de 2025 [Burak Bir/Agência Anadolu]](https://www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2025/08/AA-20250809-38785325-38785319-DOZENS_ARRESTED_IN_LONDON_AS_HUNDREDS_STAGE_RALLY_IN_SUPPORT_OF_PALESTINE_ACTION.webp)