A rede internacional de notícias Al Jazeera condenou o assassinato deliberado, por Israel, de seus correspondentes em Gaza, ao descrever a ação, via ataque aéreo a uma tenda de refugiados, como “tentativa desesperada para silenciar vozes antes da invasão”.
Na noite deste domingo (10), um bombardeio israelense a uma área de tendas próxima ao Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, resultou nas mortes dos repórteres Anas al-Sharif e Mohammad Qariqqa, dos fotógrafos Ibrahim Dahir e Moumin Alaywa, e de seu assistente Mohammed Noufal.
Em sua primeira declaração após o incidente, a rede de notícias condenou os atentados, ao reafirmar: “A ordem para matar Anas al-Sharif — um dos mais corajosos jornalistas de Gaza —, junto de seus colegas, é uma tentativa desesperada para silenciar vozes antes da invasão de Gaza”.
Os assassinatos sucederam em apenas dois dias o anúncio do governo israelense de que aprovou um plano para ocupar integralmente Gaza, após 22 meses de campanha militar e genocídio, incluindo cerco e fome.
“Diversos oficiais israelenses, mais de uma vez, incitaram e chamaram por atacar Anas e seus colegas”, destacou a Al Jazeera. “O exército ocupante e seu governo são plenamente responsáveis por alvejar e matar sua equipe”.
Conforme a agência, trata-se de “ataque deliberado e flagrante à liberdade de imprensa”, de modo que profissionais de mídia são vitimados “sem alerta prévio, como se confirma pela declaração do exército israelense”, que admitiu o crime.
A Al Jazeera notou ainda que a ação coincide com a catástrofe humanitária em Gaza, em meio a sucessivos “massacres” de Israel.
Trabalhadores de imprensa são categoria protegida pela lei internacional. No entanto, são quase 270 entre as 62 mil vítimas fatais do genocídio realizado por Israel em Gaza, desde outubro de 2023.
O regime ocupante trata comunicação como parte crucial de sua política de propaganda de guerra, em detrimento dos direitos da liberdade de imprensa, assim como do direito do público a transparência e informação.
Dado que correspondentes estrangeiros seguem impedidos de entrar em Gaza, somente jornalistas palestinos — em contrato freelance ou mesmo voluntário — permanecem no enclave, incumbidos de cobrir seu próprio morticínio.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
![Parentes e colegas realizam funeral aos repórteres da Al Jazeera Anas al-Sharif, Mohamed Qraiqea, Ibrahim Dahir, Moumin Alaywa e Mohammed Noufal, mortos por Israel dentro de sua tenda, perto do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, em 11 de agosto de 2025 [Yousef al-Zanoon/Agência Anadolu]](https://www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2025/08/AA-20250811-38800097-38800082-FUNERAL_CEREMONY_FOR_5_JOURNALISTS_KILLED_IN_ISRAELS_ATTACK_ON_JOURNALISTS_TENT_IN_GAZA-1.webp)