Wael al-Dahdouh, jornalista palestino e chefe de redação da rede internacional Al Jazeera em Gaza, lamentou o assassinato de seus colegas Anas al-Sharif e Mohammad Qariqqa, além dos fotógrafos Ibrahim Dahir, Moumin Alaywa e Mohammed Noufal, por um ataque israelense a uma tenda de refugiados neste domingo (10).
Em postagem no Facebook, al-Dahdouh refletiu sobre o luto e as dificuldades vivenciadas por sua profissão na conjuntura atual, incluindo o genocídio em curso.
“Quão duro é nosso destino, como jornalistas e palestinos em Gaza — mártires que vivem com mártires, que dão adeus uns aos outros; que enterram uns aos outros”, escreveu al-Dahdouh. “Que Deus os receba, Anas e Mohammad; todos os nosso colegas. Cumpriram seu dever até o fim — que sempre esteve diante de seus olhos”.
O atentado israelense incidiu a uma tenda próxima do portão externo do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza. O complexo de saúde confirmou as mortes.
Israel mantém ampla campanha de incitação contra jornalistas, incluindo al-Sharif, com ameaças declaradas.
O próprio al-Dahdouh é vítima da campanha militar israelense, com dezenas de familiares mortos, incluindo esposa, filha de sete anos e filho de quinze anos, em outubro de 2023; e seu filho, Hamza, também jornalista, em 7 de janeiro de 2024.
Em 15 de dezembro de 2023, al-Dahdouh foi alvejado diretamente por um míssil de Israel, enquanto cobria um bombardeio a uma escola em Khan Yunis, no sul de Gaza. Samer Abu Daqqa, seu cinegrafista, faleceu dos ferimentos.
Al-Dahdouh deixou Gaza via travessia de Rafah, com o Egito, rumo a Doha, no Catar, em 16 de janeiro de 2024, para receber tratamento médico.
Em novembro de 2024, o National Press Club, em Washington, anunciou al-Dahdouh como vencedor do Prêmio John Aubuchon, maior honraria da organização.
Trabalhadores de imprensa são categoria protegida pela lei internacional. No entanto, são quase 270 entre as 62 mil vítimas fatais do genocídio realizado por Israel em Gaza, desde outubro de 2023.
O regime ocupante trata comunicação como parte crucial de sua política de propaganda de guerra, em detrimento dos direitos da liberdade de imprensa, assim como do direito do público a transparência e informação.
Dado que correspondentes estrangeiros seguem impedidos de entrar em Gaza, somente jornalistas palestinos — em contrato freelance ou mesmo voluntário — permanecem no enclave, incumbidos de cobrir seu próprio morticínio.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.








