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Israel ‘perdeu sua sanidade, sua humanidade’, diz ministro de Defesa italiano

11 de agosto de 2025, às 15h17

Ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, em evento do jornal La Veritá, em Roma, em 5 de junho de 2025 [Simona Granati/Corbis via Getty Images]

O ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, criticou, com rara contumácia, a conduta de Israel em Gaza, ao notar que a escala do sofrimento civil demonstra que a ofensiva se distanciou dos pressupostos de “autodefesa”, reportou a agência Anadolu.

Em entrevista ao jornal La Stampa, na segunda-feira (10), comentou Crosetto: “O governo israelense perdeu sua sanidade e sua humanidade. Combater terroristas [sic] não é mais desculpa”.

Para o ministro, as condições trespassaram limites perigosos: “Penso que a ocupação de Gaza e alguns atos gravíssimos na Cisjordânia marcam um salto qualitativo, decisões têm de ser feitas para convencer Netanyahu a pensar. Não vejo como ações contra Israel, mas uma forma de salvar sua gente de um governo insano e desumano”.

Questionado por que líderes europeus não conduziriam uma viagem simbólica a Gaza — como fizeram a Kyiv —, tergiversou Crosetto: “Porque encontraríamos um governo, Israel, que não está disposto ao diálogo, pois adotou uma postura fundamentalista”.

“A defesa de uma democracia [sic] diante de um terrível ataque terrorista [sic] não é mais convincente”, acrescentou. “Estamos diante de um projeto de natureza distinta — isto é, a conquista de um território estrangeiro sob catástrofe humanitária”.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com mais de 62 mil e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.