O ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, criticou, com rara contumácia, a conduta de Israel em Gaza, ao notar que a escala do sofrimento civil demonstra que a ofensiva se distanciou dos pressupostos de “autodefesa”, reportou a agência Anadolu.
Em entrevista ao jornal La Stampa, na segunda-feira (10), comentou Crosetto: “O governo israelense perdeu sua sanidade e sua humanidade. Combater terroristas [sic] não é mais desculpa”.
Para o ministro, as condições trespassaram limites perigosos: “Penso que a ocupação de Gaza e alguns atos gravíssimos na Cisjordânia marcam um salto qualitativo, decisões têm de ser feitas para convencer Netanyahu a pensar. Não vejo como ações contra Israel, mas uma forma de salvar sua gente de um governo insano e desumano”.
Questionado por que líderes europeus não conduziriam uma viagem simbólica a Gaza — como fizeram a Kyiv —, tergiversou Crosetto: “Porque encontraríamos um governo, Israel, que não está disposto ao diálogo, pois adotou uma postura fundamentalista”.
“A defesa de uma democracia [sic] diante de um terrível ataque terrorista [sic] não é mais convincente”, acrescentou. “Estamos diante de um projeto de natureza distinta — isto é, a conquista de um território estrangeiro sob catástrofe humanitária”.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com mais de 62 mil e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.








