A Alemanha, em rara ocasião, subiu o tom nesta sexta-feira (8) contra a decisão de Israel de ocupar integralmente a Faixa de Gaza, ao anunciar a suspensão parcial das exportações militares, segundo informações da agência Anadolu.
“Sob tais circunstâncias, o governo alemão não autorizará quaisquer exportações de equipamentos militares que possam ser usados em Gaza”, confirmou em nota o chanceler Friedrich Merz.
O líder conservador ressaltou que seu país, até então, apoio o direito de “autodefesa” da ocupação israelense, incluindo soltura dos reféns, desarmamento do Hamas e assistência política e estratégica ao longo da guerra.
Contudo, lamentou “a decisão do gabinete da noite passada de uma ação ainda mais dura em Gaza [que] torna ainda cada vez mais difícil, do ponto de vista alemão, ver como esses objetivos serão alcançados”.
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O chanceler ecoou a recente apreensão ocidental sobre a catástrofe humanitária em Gaza, sob cerco israelense, após meses de alertas internacionais, à medida que imagens de crianças famintas tomaram as redes nas últimas semanas.
“Nosso governo segue profundamente preocupado com o sofrimento em curso da população civil de Gaza”, afirmou Merz. “Com a nova ofensiva, a gestão israelense terá ainda mais responsabilidade do que antes”.
Neste sentido, reiterou apelos para que Tel Aviv permita acesso humanitário abrangente ao enclave palestino, incluindo de ongs e agências das Nações Unidas.
Além disso, instou a ocupação a “não tomar novas medidas de anexação na Cisjordânia”, ao passo que regimes ocidentais tentam salvar prospectos de dois Estados.
A Alemanha distorce seu passado nazista ao insistir no apoio a Israel, incluindo repressão a protestos crescentes pró-Palestina de sua própria população.
Merz rejeita a meses chamados da oposição e de membros da União Europeia para suspender a venda de armas ao Estado ocupante, bem como um Acordo de Associação de Comércio Israel–Europa.
Neste entremeio, Israel ignora apelos globais por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com mais de 61 mil mortos, 150 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob cerco, destruição e fome.
Dados oficiais mostram que Berlim aprovou mais de meio bilhão de dólares em armamentos a Israel, no contexto do genocídio. O Ministério da Economia confirmou que, entre 7 de outubro de 2023 e 13 de maio de 2025, €485 milhões foram deferidos.
Segundo o governo, no entanto, as exportações se concentram na “defesa” de Israel contra o Irã e o movimento Hezbollah no Líbano — ambos países agredidos pelas forças em meio à escalada. A declaração sugere redução simbólica.
Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024. Estados e entidades aliados podem ser indiciados como cúmplices ao longo do processo.
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