O governo da Alemanha confirmou nesta quarta-feira (6) seu rechaço a uma proposta de diversas cidades do país para receber crianças feridas e traumatizadas da Faixa de Gaza, após dois anos de genocídio israelense, reportou a agência Anadolu.
“Esta ideia é boa para as eleições, mas não ajuda ninguém”, insistiu o vice-ministro de Relações Exteriores Serap Guler, da União Democrata Cristã (CDU), partido governista, em entrevista ao jornal Koelner Stadt-Anzeiger.
“É muito mais importante motivar países na região a aceitá-los”, acrescentou, ao indicar apoio ao plano de transferência compulsória israelense — isto é, limpeza étnica.
Ao menos cinco cidades alemãs — Hanover, Dusseldorf, Bonn, Leipzig e Kiel — confirmaram planos para aceitar crianças vulneráveis de Gaza. O governo, contudo, teria de aprovar os procedimentos, incluindo triagem e coordenação médica.
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Neste sentido, os cinco prefeitos encaminharam uma carta aos ministros Alexander Dobrindt (Interior) e Johann Wadephul (Relações Exteriores). Na segunda-feira (4), porém, o governo central alegou “ressalvas” sobre a praticabilidade das medidas.
Em tréplica, Derya Turk-Nachbaur, deputada e gestora parlamentar do Partido Social-Democrata (SPD), advertiu à televisão que a Alemanha recebe crianças ucranianas e está bem-posicionada para auxiliar os pacientes.
O regime alemão distorce seu passado nazista ao apoiar Israel, no contexto do holocausto em Gaza, com mais de 60 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob destruição, cerco e fome, em quase dois anos.
Estima-se 18.500 crianças mortas, além de milhares com desnutrição grave ou amputadas em condições precárias, devido aos bombardeios.
O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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