Em torno de 260 jornalistas e organizações de imprensa denunciaram restrições impostas por Israel, voltadas a “silenciar a cobertura independente” na Palestina ocupada, em petição da rede Freedom to Report, com sede na Noruega, divulgada na segunda-feira (4).
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Quase 200 jornalistas, sobretudo palestinos, foram mortos enquanto reportavam de Gaza”, destacou a carta. “Jornalistas estrangeiros seguem barrados de entrar no território, por restrições israelenses que silenciam o registro independente dos fatos”.
A petição notou que a censura constitui não blecaute informacional, como humanitário, à medida que os acontecimentos em Gaza expõem uma “erosão internacional da liberdade de imprensa como pilar da democracia”.
“Defender o acesso da imprensa em Gaza é defender o ideal democrático de que a verdade não é propriedade dos poderosos”, insistiu o alerta. “Se falharmos, sinalizaremos que a verdade pode ser manipulada, que fatos podem ser encobertos caso inconvenientes”.
Os jornalistas advertiram que, caso prossiga a censura, o acesso a informações estará ameaçado em tempos de conflito, “ao passo que o silêncio forma raízes”.
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“O autoritarismo prospera quando o mundo desvia o olhar e quão mais Gaza permanece selada, mais a repressão global à imprensa se torna regra”, ressaltou a nota. “Não é ativismo — é jornalismo, é urgente. A escolha é simples: defender o direito de reportar os fatos ou permitir sua erosão, uma fronteira de cada vez”.
Signatários incluem profissionais de Estados Unidos, Reino Unido, França, Brasil, Bélgica, Noruega, Espanha, Portugal, África do Sul e Turquia.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 61 mil mortos, 150 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco e fome.
Jornalistas internacionais são banidos de adentrar no território, salvo agências colaboracionistas, em campanha de relações públicas. Redes críticas, sobretudo árabes, sofrem perseguição e mesmo ataques diretos e deliberados.
As ações israelenses são investigadas como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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