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Relatores da ONU urgem fim imediato da Fundação Humanitária de Gaza

6 de agosto de 2025, às 13h09

Protesto contra violações da chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF), em frente ao Consulado dos Estados Unidos em Jerusalém ocupada, em 11 de julho de 2025 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

Especialistas das Nações Unidas reiteraram nesta terça-feira (5) apelos pelo desmantelamento imediato da chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), ao advertir que suas operações são responsáveis por agravar o sofrimento dos palestinos em violação da lei internacional.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Em comunicado, os peritos observaram que os palestinos de Gaza “pagam o preço pelo fracasso político, legal e moral da comunidade internacional”, com mortes na escala de 60 mil vítimas e 90% da população desabrigada”.

O GHF foi instaurado pela ocupação israelense em fevereiro, com apoio dos Estados Unidos, ao substituir estruturas estabelecidas para distribuição humanitária.

Os relatores das Nações Unidas, no entanto, descreveram suas atividades como “exemplo perturbador de como o socorro humanitário pode ser explorado para encobrir agendas políticas e militares, em grave violação da lei internacional”.

“Sob quaisquer circunstâncias, quando crimes de guerra são ignorados em troca de alívio temporário, a impunidade pode ser normalizada”, insistiu a nota. “Ainda assim, neste caso, estamos deixando impune um Estado denunciado por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade, sem qualquer supervisão externa. Tamanha hipocrisia é chocante”.

Desde a imposição do GHF em maio, forças israelenses e mercenários americanos mataram quase 1.400 pessoas que buscavam ajuda, além de quatro mil feridos, nas rotas e postos militarizados instituídos em Gaza.

Para os especialistas, esta “camuflagem humanitária” constitui um “insulto ao empreendimento humanitário efetivo”.

“Ver crianças morrerem de fome nos braços de seus pais deveria nos tirar do complacência”, acrescentaram. “Bloquear ou postergar ajuda não é apenas desumano — é crime de guerra voltado a matar de fome milhares de civis, em um contexto bem documentado e denunciado mundialmente de genocídio”.

“A credibilidade e eficácia da assistência humanitária deve ser restaurada pelo desmantelamento do GHF, bem como ao responsabilizar seus executivos e permitir que agentes experientes das Nações Unidas e da sociedade civil tomem as rédeas de operações para salvar vidas”, concluiu a nota.

Ademais, os peritos instaram todos os Estados-membros a adotar um embargo de armas a Israel, sob risco de cumplicidade internacional, além de suspender acordos de comércio e investimentos com Israel e levar à justiça a entidades corporativas cúmplices do genocídio.