O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve anunciar em breve planos para reocupação plena da Faixa de Gaza, reportou a imprensa israelense.
A decisão deve levar a uma expansão das operações militares em todo o enclave, incluindo áreas onde supostamente estão situados os últimos prisioneiros de guerra em custódia do Hamas, ressaltaram as redes i24News, The Jerusalem Post, Canal 12 e Ynet nesta segunda-feira (4).
“A decisão foi tomada”, disse Amit Sega, analista político do Canal 12, ao citar uma fonte anônima do gabinete de Netanyahu.
O Ministério de Relações Exteriores da Palestina condenou o avanço e instou a comunidade internacional a “intervir urgentemente para impedir a implementação dos planos, pouco importa se é pressão, balão de ensaio ou genuinamente sérios”.
O gabinete de Netanyahu não comentou os relatos; sua reunião de ministros desta terça-feira (5) foi adiada em meio a ressalvas internas.
Neste entremeio, Netanyahu ameaçou demitir o chefe do Estado-maior do exército israelense, Eyal Zamir, caso este negue a capitular ao plano.
Zamir instruiu comandantes a revisar diretrizes, ao notar que as unidades estão “exauridas por mais de dois anos de serviço contínuo”, e decidir devolver à reserva um pelotão de cada batalhão regular. A medida reduz tropas em campo.
Em mensagem direta, reagiu Netanyahu: “Se isso não lhe convém, se demita”.
Israel enfrenta pressão internacional cada vez maior pela falta de recursos humanitários em Gaza, submetida a dois anos de genocídio, incluindo fome.
Ainda na segunda, ao menos 74 palestinos, incluindo 36 requerentes de assistência, foram mortos por disparos israelenses, sob o mecanismo israelo-americano da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), denunciado como “armadilha mortal”.
Netanyahu também vive pressão interna pela soltura dos prisioneiros israelenses remanescentes em Gaza, após surgirem imagens dos soldados Rom Braslavski e Evyatar David afetados pela fome que assola a população local.
No início da semana, Netanyahu voltou a subir o tom, ao rejeitar a negociações. “Devemos continuar lutando juntos para conquistar nossos objetivos de guerra: derrotar o inimigo, soltar os reféns e garantir que Gaza não seja uma ameaça a Israel”.
Osama Hamdan, oficial do Hamas, acusou os governos ocidentais de “lavarem as mãos” diante das atrocidades israelenses, ao responsabilizar Tel Aviv pelas vidas dos prisioneiros de guerra, “diante de tamanha arrogância, obstinação e evasão de qualquer acordo de cessar-fogo, além da escalada da guerra de extermínio e fome contra o nosso povo palestino”.
Ao menos 60.930 palestinos foram mortos por Israel desde 7 de outubro de 2023, incluindo 18.430 crianças, além de dois milhões de desabrigados sob destruição, cerco e fome.
Quarenta e nove prisioneiros de guerra, vinte e sete presumidos mortos, permanecem em custódia do Hamas, apesar da campanha de terra arrasada travada por Israel.
Netanyahu é foragido em 120 países, sob mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitido em novembro. O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), corte-irmã, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.








