O escritório de comunicação do governo em Gaza reportou nesta quarta-feira (30) um “massacre sangrento” conduzido por tropas de Israel contra civis no norte do enclave, com ao menos 51 mortos e 648 feridos, em apenas três horas.
Conforme comunicado, as vítimas tentavam chegar à região de Zikim, onde caminhões assistenciais distribuíam alimentos, em meio ao brutal cerco israelense que engendrou uma catástrofe de fome. Em al-Sudaniya, porém, foram fuzilados à queima roupa.
“Cento e doze caminhões entraram em Gaza nesta quarta-feira, mas a maior parte se perdeu devido ao caos de segurança, incitado pela ocupação”, declarou a nota. “Trata-se de uma política sistematizada de caos e fome, com objetivo de minar a distribuição de assistência e negar aos civis suprimentos básicos”.
“Esta chacina, como outras, mostra que a ocupação usa a fome como arma de guerra, ao atacar deliberadamente civis em busca de comida, em violação flagrante de todas as leis humanitárias internacionais”, acrescentou.
Israel mantém um cerco militar a Gaza há 18 anos, porém intensificado no decorrer do genocídio, desde outubro de 2023. Em 2 de março, o exército colonial fechou todas as travessias de fronteira, degradando ainda mais a situação humanitária.
Desde maio, corredores armados da chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), mecanismo israelo-americano posto em lugar de estruturas das Nações Unidas, se converteram em “armadilhas mortais”, com ao menos mil mortos.
Estima-se que 147 palestinos morreram de fome, incluindo 88 crianças.
Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo ao manter ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com 60 mil mortos e dois milhões de desabrigados.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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