clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Imprensa de Israel alerta para ‘tsunami político global’ por genocídio em Gaza

31 de julho de 2025, às 17h18

Palestinos aguardam distribuição humanitária no posto de Zikim, na Cidade de Gaza, em 29 de julho de 2025 [Ali Jadallah/Agência Anadolu]

Redes de imprensa israelenses têm expressado apreensão unânime sobre um “tsunami político global” envolvendo Israel, por seu genocídio em curso na Faixa de Gaza.

O jornal Haaretz publicou como manchete “Um tsunami diplomático se avizinha”, junto ao alerta: “A Europa começa a agir contra a insanidade de Israel em Gaza”.

“Diante da piora da crise humanitária em Gaza e acusações internacionais contra Israel, sobre sua conduta no enclave, crescem apelos de líderes europeus para reconhecerem o Estado da Palestina”, comentou em artigo o site de notícias Walla.

O Israel Hayom, em parte, adotou negacionismo: “Não é um tsunami político, mas uma ameaça de longo prazo”.

Para o periódico sionista, em artigo de Gilad Erdan, ex-embaixador israelense, as ações — embora simbólicas — podem resultar, contudo, em uma “narrativa perigosa [sic]: de que Israel é um país que ocupa, viola direitos e mata crianças”.

LEIA: É hora de sanções contra Israel para cessar a carnificina em Gaza

“Nossos inimigos não podem nos vencer no campo de batalha; então tentam nos atar em uma guerra de percepção [sic]”, lamentou. “A deslegitimação pode levar a embargo de armas, sanções econômicas e isolamento internacional”.

“Em outras palavras, dezenas de jatos F-35 são inúteis se o mundo não nos deixar usá-los”, acrescentou.

Em Gaza, são ao menos 60 mil mortos, 145 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, fome e ataques indiscriminados de Israel. Dentre as vítimas fatais, estima-se cerca de 18.500 crianças, além de 88 crianças mortas por inanição.

Imagens e relatos de fome, causada pelo cerco, fomentaram denúncias, declarações de políticos e mesmo represálias diplomáticas. França, Canadá, Portugal e outros países — tradicionalmente aliados — expressaram promessas de reconhecimento.

O Reino Unido sugeriu intenções similares, caso Israel se negue a acatar um cessar-fogo até o mês de setembro.

Nas últimas semanas, órgãos globais publicaram uma série de dossiês chocantes, entre os quais um relatório da Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar (IPC), segundo o qual os 2.4 milhões de palestinos em Gaza vivem em insegurança alimentar, incluindo 900 mil pessoas em situação catastrófica (fase 5).

LEIA:  ‘Deus quer que limpemos a terra’, diz soldado de Israel sobre as ruínas de Gaza

De abril a meados de julho, vinte mil crianças foram internadas por desnutrição aguda, em Gaza — três mil em estado extremamente crítico. Ao menos 16 crianças abaixo de cinco anos morreram de fome desde 17 de julho, conforme dados oficiais.

Diplomatas, acadêmicos e analistas corroboraram à agência de notícias Anadolu que os ataques e a catástrofe em curso em Gaza levaram a uma onda de oposição a Israel, sem precedentes, desde a base popular ao establishment político.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI) — corte-irmã, também em Haia — emitiu mandados de prisão inéditos contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e contra a humanidade conduzidos em Gaza.

LEIA: As crianças de Gaza e o coração do cristão