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Israel liberta colono que matou colaborador do Oscar na Cisjordânia

30 de julho de 2025, às 12h53

Colonos ilegais israelenses invadem bairro palestino de Hebron (al-Khalil), na Cisjordânia ocupada, em 22 de maio de 2025 [Mamoun Wazwaz/Agência Anadolu]

Uma corte israelense ordenou nesta terça-feira (29) a libertação do colono ilegal Yinon Levi, preso por assassinar Odeh Hadalin, de 31 anos, ativista palestino e colaborador do filme vencedor do Oscar No Other Land (Sem chão), na Cisjordânia ocupada.

Odeh auxiliou no documentário como consultor; contudo, foi morto por um disparo de Lavi registrado em câmera, na segunda-feira (28), na aldeia palestina de Umm al-Kheir. O vídeo foi compartilhado pela ong israelense B’Tselem.

Segundo o jornal Haaretz, a Corte de Magistrados de Jerusalém ocupada transferiu Levi a prisão domiciliar. “A polícia lhe atribuiu os crimes de homicídio doloso e disparo com arma de fogo”, prosseguiu a reportagem.

Levi constava na lista de sanções dos Estados Unidos e União Europeia contra colonos, pela escalada de violência nos territórios palestinos ocupados. Todavia, foi removido da lista americana no início do mandato de Donald Trump.

No Other Land documenta a luta dos palestinos nativos contra políticas de demolição e deslocamento em Masafer Yatta, na Cisjordânia.

Em agressão paralela, o exército israelense invadiu a aldeia de Umm al-Kheir e prendeu dois ativistas estrangeiros, reportou a agência Anadolu. Após o crime, forças ocupantes declararam a aldeia zona militar fechada, ao impedir o acesso da imprensa.

Israel intensificou seus avanços na Cisjordânia junto ao genocídio conduzido em Gaza, desde outubro de 2023, com mais de 60 mil mortos, 145 mil feridos e dois milhões de desabrigados no enclave sitiado.

Na Cisjordânia e em Jerusalém ocupadas, no mesmo período, são mil mortos e sete mil feridos, além de dez mil presos arbitrariamente, sob abuso, tortura, negligência médica e mesmo violência sexual — a maioria sem julgamento ou sequer acusação.

Em julho de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, admitiu a ilegalidade da ocupação na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ao pedir evacuação de soldados e colonos e reparações aos nativos.

Em setembro, a decisão seguiu a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, com maioria absoluta dos votos e prazo de um ano para ser implementada.

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