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Gaza: “Ajuda humanitária por via aérea é ineficaz e beira cinismo”

Jean Guy Vataux, coordenador de emergência de Médicos Sem Fronteiras em Gaza, faz declaração sobre lançamentos aéreos de assistência

29 de julho de 2025, às 10h35

Um avião de carga militar lança suprimentos de ajuda humanitária do ar enquanto o bloqueio alimentar israelense continua em Deir al-Balah, Gaza, em 29 de julho de 2025. [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

Lançar ajuda humanitária por via aérea é uma iniciativa ineficaz, que beira o cinismo. As estradas estão lá, os caminhões estão lá, os alimentos e os medicamentos estão lá. Tudo está preparado para levar ajuda humanitária a Gaza, a poucos quilômetros de distância.

Tudo o que é necessário é que as autoridades israelenses decidam facilitar sua chegada – agilizar os procedimentos de liberação, permitir a entrada de mercadorias em larga escala e coordenar para permitir a coleta e a entrega seguras. Só então poderemos começar a resolver a fome que estamos presenciando.

Os lançamentos aéreos são notoriamente ineficazes e perigosos. Eles entregam uma quantidade muito menor de suprimentos do que as 20 toneladas que podem ser transportadas em um caminhão.

Hoje, 2 milhões de pessoas estão presas em um pequeno pedaço de terra, que representa apenas 12% de toda a Faixa de Gaza. Se algo cair nessa área, as pessoas inevitavelmente ficarão feridas.

Por outro lado, se os lançamentos aéreos caírem em áreas onde Israel emitiu ordens de deslocamento, as pessoas serão forçadas a entrar em zonas militarizadas – mais uma vez arriscando suas vidas por comida.”

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Publicado originalmente em Médicos Sem Fronteiras – MSF