O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, está sob pressão de membros de seu governo para reconhecer formalmente um Estado da Palestina, na esteira de França e Canadá, reportou nesta quinta-feira (24) a rede Bloomberg, segundo informações da agência de notícias Anadolu.
Segundo relatos, os ministros Wes Streeting (Saúde), Shabana Mahmood (Justiça), Lisa Nandy (Cultura) e Hilary Benn (Irlanda do Norte) notaram decepção com Starmer por prevaricar sua promessa de campanha, ao reivindicar do premiê e de seu secretário de Relações Exteriores, David Lammy, que ajam rapidamente sobre a matéria.
Ainda nesta quinta, mais cedo, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou intenção de reconhecer a Palestina durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro. Macron disse tentar persuadir Starmer a acompanhá-lo na medida.
No mesmo dia, Starmer condenou a deterioração da crise em Gaza, sob cerco de Israel, como “indescritível e indefensável”.
A pressão de seu gabinete se soma a um apelo do Comitê de Assuntos Estrangeiros do Parlamento para que o governo reconheça imediatamente um Estado da Palestina, ao colaborar com aliados para a chamada solução de dois Estados.
Emily Thornberry, presidente do comitê, ressaltou em nota que há “enorme frustração entre grande parte do público britânico de que, mesmo que o governo aja, seja tarde demais”.
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Nesta sexta-feira (25), após o Canadá — parte do Commonwealth britânico — seguir a deixa francesa, cento e vinte cinco membros da Câmara dos Comuns assinaram uma carta transpartidária para reivindicar a mesma medida do premiê.
O apelo, encabeçado por Sarah Champion, deputada trabalhista e chefe do Comitê de Desenvolvimento Internacional, ressaltou que o reconhecimento britânico da Palestina é “especialmente poderoso”, devido ao papel histórico do país na crise regional, desde a Declaração Balfour, do chanceler homônimo, de 1917, em apoio formal à colonização sionista.
“Desde 1980, apoiamos uma solução de dois Estados”, acrescentou Champion. “Este reconhecimento daria substância ao posicionamento, além de arcar com a responsabilidade histórica que temos a um povo que viveu sob nosso mandato”.
Peter Kyle, ministro de Ciências e Tecnologia, contudo, sustentou a procrastinação de Starmer, ao alegar que o Reino Unido apoia o eventual reconhecimento de um Estado palestino, mas que a prioridade é atenuar o sofrimento da população de Gaza.
Apenas em 24 horas, em meio ao debate, nove palestinos morreram de fome no território sitiado, totalizando 122 vítimas fatais pela inanição, além de 60 mil mortos pelos bombardeios indiscriminados de Israel, desde outubro de 2023.
