Ativistas realizaram um “panelaço” em diversas cidades do mundo, em protesto contra o genocídio e a fome endêmica na Faixa de Gaza, causada pelo cerco de Israel.
A iniciativa — em inglês, Pot-Banging for Gaza — instou cidadãos solidários a baterem panelas em suas janelas e varandas, por dois a cinco minutos, para conscientizar seus concidadãos da crise humanitária no território palestino.
A manifestação se inspirou em um vídeo viral gravado na segunda-feira (21), no campo de refugiados de Nuseirate, no centro de Gaza, onde homens, mulheres e crianças com fome bateram suas panelas vazias pela abertura urgente das travessias.
Nesta semana, o Programa Alimentar Mundial (PAM) — agência das Nações Unidas — reiterou que uma entre três pessoas de Gaza não se alimentam há dias, com “milhares à margem de uma catástrofe de fome”.
Organizadores pediram aos participantes que registrem vídeos de suas ações, incluindo com bandeiras e lenços palestinos (keffiyehs), a serem compartilhados sob hashtags de protesto nos respectivos idiomas.
Panelaços ganharam popularidade durante a pandemia de covid-19, quando lockdowns impediam mobilizações nas ruas.
“Este é um ato em que todos podem e devem participar — de dentro de casa”, reiterou o chamado, a ser renovado dia após dia, entre as 18 e 20 horas locais.
O chamado para 24 de julho foi disseminado pela jornalistas Bisan Owda, de Gaza. Em postagem, reafirmou Bisan: “Israel bloqueia comida, água e medicamentos por mais de cinco meses. É nosso mundo, não deles. Basta de opressão”.
“O som de nossos estômagos vazios e da voz da humanidade será mais alto do que sua brutalidade”, acrescentou.
No Brasil, a manifestação se concentrou no centro cultural e restaurante Al Janiah, sob convocatória da Frente Palestina São Paulo. Ativistas ressaltaram demandas para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rompa relações com Tel Aviv.
LEIA: Gaza é um espelho que reflete a vergonha absoluta do mundo
Panelas ressoaram também em Paris, Hamburgo e Reykjavik, na Islândia, bem como em estações de trem da Holanda e em frente aos consulados israelenses em Chicago e Los Angeles, entre outras cidades por todo o mundo.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 59.500 mortos, 145 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob destruição, cerco e fome generalizada. As vítimas são, em maioria, mulheres e crianças.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
