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Agências internacionais ecoam alarde sobre jornalistas em Gaza

25 de julho de 2025, às 12h45

Doaa Albaz, correspondente da agência Anadolu, em greve de fome, reporta a situação em Gaza, em 24 de julho de 2025 [Hani Alshaer/Agência Anadolu]

Algumas das maiores redes de notícias internacionais — entre as quais Agence France-Presse (AFP), Reuters, Associated Press (AP) e a estatal britânica BBC — ecoaram nesta quinta-feira (24) consternação sobre a segurança de seus correspondentes em Gaza, ao instarem de Israel que garanta salvo-conduto e insumos básicos.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Em nota conjunta, publicada online, disseram as agências “Estamos desesperadamente preocupados com nossos jornalistas em Gaza, cada vez mais distantes de conseguirem se alimentar ou alimentar suas famílias”.

“Por meses, esses repórteres independentes têm sido os olhos e ouvidos do mundo em Gaza”, reiterou o alerta. “Agora, enfrentam as mesmas circunstâncias catastróficas que aqueles que estão cobrindo”.

As agências ressoaram temores recentes de agências das Nações Unidas, sobre a fome que assombra Gaza — em particular, jornalistas. 

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“Mais uma vez, urgimos das autoridades de Israel que permitam a jornalistas entrarem e saírem de Gaza”, insistiu a nota. “É essencial que suprimentos alimentares adequados cheguem às pessoas do enclave”.

A escalada da crise compeliu a AFP a pedir aval de Israel para evacuar imediatamente seus colaboradores em Gaza, bem como suas famílias. No fim de semana, um fotógrafo da agência corroborou: “Não tenho mais forças para trabalhar”.

Um coletivo reiterou: “Sem intervenção urgente, morrerão os últimos repórteres”.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 59.500 mortos, 145 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob destruição, cerco e fome generalizada. As vítimas são, em maioria, mulheres e crianças.

O Estado da ocupação israelense trata comunicação como parte crucial de sua política de propaganda de guerra, em detrimento dos direitos da liberdade de imprensa, assim como do direito do público a transparência e informação.

Dado que correspondentes estrangeiros seguem impedidos de entrar em Gaza, apenas jornalistas palestinos — em contato freelance ou mesmo voluntário — permanecem no enclave, incumbidos de cobrir seu próprio morticínio.

O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) estima o número de profissionais de mídia assassinados em Gaza em ao menos 174 vítimas.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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