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Um pouco de farinha: Israel permite distribuição restrita em meio a cerco desumano

23 de julho de 2025, às 13h59

Palestinos recebem sacas de farinha em centro de distribuição do Programa Alimentar Mundial (PAM), sob cerco militar israelense, em Khan Younis, sul de Gaza, em 23 de julho de 2025 [Hani Alshaer/Agência Anadolu]

Um volume restrito de farinha foi distribuído a cidadãos famintas na Faixa de Gaza, sob persistente cerco israelense, reportou nesta quarta-feira (23) a agência Anadolu

Palestinos receberam algumas sacas de farinha do Programa Alimentar Mundial (PAM), agência das Nações Unidas, em um posto de distribuição humanitária em Khan Younis, no sul do território.

O alerta, no entanto, reiterou que um terço da população não come há dias.

“A crise de fome em Gaza atingiu níveis sem precedentes e aterradores de desespero, com um terço da população sem comer por dias e dias consecutivos”, confirmou Ross Smith, diretor de resposta e emergência da agência.

De acordo com estimativas do PAM, um quarto da população vive condições análogas a fome, com cem mil mulheres e crianças sob desnutrição aguda.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza — órgão técnico cujos dados são corroborados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) —, ao menos 86 pessoas, entre as quais 76 crianças, morreram de fome e sede desde outubro de 2023.

O gabinete de comunicação do governo local alertou recentemente que o enclave está “à margem de um morticínio em massa”, após 140 dias de fechamento quase absoluto de todas as travessias de fronteira.

Israel mantém ataques indiscriminados contra Gaza desde outubro de 2023, incluindo hospitais, clínicas e abrigos, com mais de 59 mil mortos e dois milhões de desabrigados sob catástrofe de fome. As vítimas são, em maioria, mulheres e crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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