A polícia de Israel deteve nesta terça-feira (22) três cidadãos judeus ultraortodoxos que rejeitaram o recrutamento militar obrigatório, em repressão inédita pela questão.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Os três participavam de um protesto na cidade central de Yehud, contra obras próximas a um cemitério local, confirmou o Canal 12 da televisão israelense. A polícia aproveitou a manifestação para detê-los e então encaminhá-los ao exército como desertores.
“Esta é a primeira vez que a polícia prende cidadãos haredim [ortodoxos] por deixarem de se alistar, ao rendê-los às forças militares”, declarou a emissora.
Um advogado dos rapazes corroborou indiciamento por evasão militar.
As prisões incitaram nova onda de indignação entre a comunidade ultraortodoxa, com líderes ameaçando protestos de massa e bloqueio nas estradas.
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Tensões sobre o serviço militar ortodoxo escalaram desde 25 de junho, após a Suprema Corte israelense exigir alistamento, sob risco de cortes no envio de recursos a escolas e instituições religiosas em caso de desacato de seus membros.
Judeus haredim são 13% da população israelense e insistem que seu estudo do Torá — como doutrina ideológica — constitui serviço ao Estado ocupante.
Partidos da oposição e da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, contudo, insistem em legislações contrárias à isenção militar, sobretudo em contexto de diversas guerras na região, com destaque ao genocídio em Gaza.
No território palestino, a campanha israelense deixou 59 mil mortos e dois milhões de desabrigados até então, apesar de não conquistar seus objetivos declarados: libertação dos prisioneiros de guerra ainda em Gaza e destruição do grupo Hamas.
As operações israelenses são investigadas como genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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