A Sociedade dos Jornalistas da Agence France-Presse (SDJ) advertiu nesta segunda-feira (22) que profissionais a serviço da instituição em Gaza vivem hoje escassez extrema de alimentos, sob risco de morrer de fome, vitimados por cerco e ataques de Israel.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Em nota compartilhada na rede social X (Twitter, reiterou a entidade:
“Desde agosto de 1944, quando foi fundada a AFP, perdemos jornalistas em conflitos, tivemos, em nossas fileiras, feridos e prisioneiros — contudo, nenhum de nós se lembra de um colega que morreu de fome”.
A AFP, minuciou o alerta, opera atualmente com um repórter freelance, três fotógrafos e seis cinegrafistas freelance na Faixa de Gaza.
Ao identificar um deles, o fotógrafo Bashar Taleb, a associação reproduziu uma de suas postagens no Facebook:
“Não tenho mais forças para fazer a cobertura”, disse Taleb, de 30 anos. “Meu corpo está muito fraco e não consigo mais andar”.
Taleb notou ainda que seu irmão mais velho sofreu uma queda na manhã de domingo, devido à gravidade da inanição.

Jornalistas, crianças e famílias palestinas se reuniram para exigir o fim dos ataques israelenses e a entrada de ajuda humanitária, em 19 de julho de 2025, em Cidade de Gaza. Destacando a crescente escassez de alimentos, os manifestantes seguraram faixas com os dizeres “Gaza está morrendo de fome”, “Parem os ataques” e “Apelamos à consciência do mundo”. [Saeed MMT Jaras/Agência Anadolu]
A agência tampouco tem um veículo disponível em Gaza, seja por falta de combustível ou por ataques diretos de aviões de guerra israelenses.
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Outra jornalista, identificada como Ahlam, observou a nota, apontou intenções, apesar das condições, de “ser testemunha dos fatos” tanto quanto possível.
“Toda vez que deixo a tenda para cobrir eventos, conduzir uma entrevista ou registrar um fato, não sei se vou voltar viva”, sugeriu Ahlam, que ecoou a falta de comida e água como maior dos problemas.
Ao expressar consternação sobre a piora da situação, o sindicato saudou a coragem dos jornalistas, que devotaram meses de suas vidas a informarem o mundo, mas ressaltou que isso “não os ajudará a sobreviver”.
“Podemos receber notícias de suas mortes a qualquer instante”, acrescentou a nota. “E isso é insuportável”.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza — órgão técnico cujos dados são corroborados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) —, ao menos 86 pessoas, entre as quais 76 crianças, morreram de fome e sede desde outubro de 2023.
O gabinete de comunicação do governo local alertou recentemente que o enclave está “à margem de um morticínio em massa”, após 140 dias de fechamento quase absoluto de todas as travessias de fronteira.
Israel ignora apelos por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados a Gaza há 650 dias, com aos menos 59 mil mortos e dois milhões de desabrigados.
O Estado israelense é réu por genocídio Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.








