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Massive Attack, Fontaines DC e Kneecap lançam plataforma para artistas pró-Palestina

De forma a combater a censura por parte daqueles que tentam silenciar quem denuncia o genocídio na Palestina, os Massive Attack anunciaram que, juntamente com Brian Eno, Fontaines DC e Kneecap, lançaram uma plataforma de apoio a artistas censurados.

19 de julho de 2025, às 13h30

Show do Massive attack, em Sofia, Bulgaria, em 29 de junho de 2025 [Captura de Vídeo]

Os Massive Attack, banda de trip hop oriunda de Bristol, fizeram ontem uma publicação nas redes sociais na qual anunciaram a criação de uma plataforma para artistas que criticam o genocídio realizado por Israel em Gaza. Na criação, além da banda inglesa, estão também os Kneecap, os Fontaines DC e Brian Eno, todos vocais relativamente à Palestina.

Segundo a publicação, os artistas com posicionamentos pró-Palestina têm sido «sujeitos a várias intimidações». Segundo os mesmos, as pressões são também legais através de organismos organizados como o UK Lawyers for Israel, uma associação de advogados criada para defender os interesses sionistas e que denunciou a banda Bob Vylan à polícia por um cântico contra as Forças de Defesa de Israel.

Para os Massive Attack e restantes artistas, as tentativas de condicionamento surgem também dentro da própria indústria musical e são “concebidas exclusivamente para censurar e silenciar os artistas de falarem o que lhes vai ao coração e na cabeça”.

“Tendo resistido a estas campanhas de tentativa de censura, não ficaremos parados e permitiremos que outros artistas – particularmente aqueles em fases iniciais das suas carreiras ou noutras posições de vulnerabilidade profissional – sejam ameaçados de silenciamento ou de cancelamento da carreira.”, pode ler-se no comunicado.

Importa relembrar que, além dos Bob Vylan, também Mo Chara, integrante dos Kneecap, está neste momento a ser julgado por terrorismo, uma acusação que, segundo a defesa, é política, uma vez que o grupo de hip-hop tem sido ativo na solidariedade com a Palestina, além de denunciar a ocupação inglesa na Irlanda do Norte.

LEIA: O caso Bob Vylan: Reino Unido se queixa de palavras, mas não de crimes de guerra

O objetivo da plataforma é, deste modo, ajudar os artistas com consciência política e voz a poderem expressar livremente a sua opinião. Ao The Guardian, os Massive Attack disseram que «esta ação coletiva visa, na realidade, oferecer algum tipo de solidariedade aos artistas que vivem dia após dia num genocídio do tempo de ecrã, mas que estão preocupados em utilizar as suas plataformas para expressar o seu horror devido ao nível de censura dentro da sua indústria ou de organismos legais externos altamente organizados, que os aterrorizam e às suas equipas de gestão com ações legais agressivas. A intenção é clara e óbvia: silenciá-los».

Os artistas interessados na plataforma podem enviar um email para: [email protected].

Publicado originalmente em Desacato