clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Contra alistamento, ortodoxos deixam governo Netanyahu; mantêm apoio parlamentar

17 de julho de 2025, às 13h52

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (centro), junto seu gabinete, durante encontro no chamado Museu de Terras Bíblicas, em Jerusalém ocupada, em 5 de junho de 2024 [Gil Cohen-Magen/AFP via Getty Images]

O partido israelense ultraortodoxo Shas confirmou a renuncia de seus ministros do governo do premiê Benjamin Netanyahu, escalando tensões sobre o alistamento militar obrigatório a judeus haredim.

Contudo, o partido, com 11 assentos entre os 120 do Knesset (parlamento), prometeu permanecer na coalizão, preservando, portanto, a gestão de extrema-direita e impedindo eleições antecipadas.

A decisão sucedeu encontro do chamado Conselho de Sábios do Torá, que votou unanimemente pela exoneração dos ministros em protesto à demora do governo para solucionar a isenção militar da comunidade ultraortodoxa.

Segundo o jornal em hebraico Yedioth Ahronoth, o gabinete de Netanyahu obteve êxito em pressionar o Shas a postergar plena saída da coalizão. Caso os 11 deputados do Shas deixem a coalizão, Netanyahu perderá sua frágil maioria no legislativo.

LEIA: O paradoxo de Netanyahu: o defensor mais improvável e poderoso da Palestina

O Shas detinha ministérios estratégicos, incluindo Interior, Trabalho, Previdência e Serviços Religiosos, além de representações em outras pastas, como suplência no Ministério da Agricultura.

Para Michael Malchieli, agora ex-ministro de Serviços Religiosos, as renúncias culminaram de uma “perseguição a estudiosos do Torá”.

said the resignations were a response to what he called “persecution of Torah scholars.”

A saída coincide ainda com crise interna, incluindo protestos e pedidos de antecipação das eleições gerais, e crise de relações públicas internacional sem precedentes, à medida que Netanyahu mantém sucessivos fronts de hostilidades por toda a região, incluindo seu genocídio em Gaza.

Na terça-feira (15), os partidos Agudat Yisrael e Degel HaTorah — que constituem, juntos, a coligação Judaísmo Unido do Torá — também saíram do governo, pela mesma questão. A cisão deixou Netanyahu com apenas 61 assentos no Knesset, mínimo para se manter no poder.

A crise sobre o serviço militar obrigatório se agravou após uma decisão da Suprema Corte de Israel, de 25 de junho, que invalidou décadas de isenção aos haredim, incluindo suspensão de recursos a colégios religiosos em caso de deserção.

Judeus haredim — ou ultraortodoxos — são cerca de 13% da população israelense e insistem que o estudo do Torá é um serviço nacional, no sentido de base ideológica ao Estado colonial de apartheid.

LEIA: A comunidade internacional vendeu os palestinos décadas atrás na questão do direito de retorno