O exército da ocupação israelense atingiu a Igreja da Sagrada Família, de denominação católica, no bairro de al-Zeitoun, na Cidade de Gaza, na manhã desta quinta-feira (17), com três mortos e nove feridos, reportou a agência Catholic Review.
Segundo relatos, uma bateria aérea, junto de um tanque de guerra, atingiu o santuário, que abrigava civis deslocados pelo genocídio israelense.
Dentre as vítimas, dois idosos gravemente feridos e o padre local Gabriel Romanelli — todos transferidos às pressas ao Hospital Baptista al-Ahli. Romanelli sofreu um trauma em uma de suas pernas.
Os mortos foram identificados como Saad Salameh, de 60 anos, Fumayya Ayyad, 84, e Najwa Abu Daoud, de cerca de 70 anos de idade.
Salameh, zelador da paróquia, estava no pátio quando houve a explosão. Ayyad recebia apoio psicológico quando foi atingida fatalmente por um estilhaço.
Em comunicado à imprensa, o Patriarcado Latino de Jerusalém confirmou os ataques à igreja, com danos a sua estrutura.
Sami el-Yousef, diretor executivo do Patriarcado, destacou que dois dos mortos, cristãos ortodoxos, serão sepultados ainda hoje na Igreja Greco-ortodoxa de São Porfírio, com mais de 1500 anos de história, também na Cidade de Gaza.
Em telegrama, o Papa Leo XIV expressou “profunda tristeza em saber da perda de vidas e ferimentos causados pelo ataque militar à Igreja da Sagrada Família de Gaza”. O novo pontífice, sucessor de Francisco, prometeu orar “pelo consolo daqueles em luto e pela recuperação dos feridos”.
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“Sua Santidade renova apelos por cessar-fogo imediato e reafirma profunda esperança de diálogo, reconciliação e paz duradoura na região”, prosseguiu seu gabinete.
Timothy Broglio, arcebispo e presidente da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, bem como da Arquidiocese para Assuntos Militares, comentou o caso: “Junto do Santo Padre, estamos profundamente entristecidos pelos mortos e feridos … seguimos em prece e defesa do diálogo e de um cessar-fogo urgente”.
A comunidade cristã da Paróquia da Sagrada Família é estimada hoje em 600 pessoas, vitimada reiteradamente por bombardeios israelenses.
Por meses, antes de falecer em 21 de abril, o Papa Francisco manteve telefonemas com Romanelli quase todas as noites, para perguntar sobre as condições da comunidade e dos refugiados na igreja e prover apoio.
Segundo a Caritas de Jerusalém, “a explosão ocorreu perto do crucifixo, sobre o teto da igreja, espalhando destroços e estilhaços por todo a área”.
Mais tarde, o Patriarcado de Jerusalém destacou “condenação veemente” do atentado, ao descrevê-lo como “violação flagrante da dignidade humana e da santidade da vida e dos lugares religiosos, que fornecem refúgio em tempos de guerra”.
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“Neste momento crítico, o patriarcado ressalta que templos são como faróis espirituais e humanitários, que servem a todos sem discriminação”, acrescentou a nota. “Instamos as Nações Unidas e a comunidade internacional a assegurar proteção urgente a centros religiosos e humanitários em Gaza, bem como respeito à lei internacional”.
“Esta tragédia”, concluiu o patriarcado, “porém, não é maior ou mais terrível do que a que recai a muitos outros em Gaza. Inúmeros civis inocentes seguem feridos, mortos e desabrigados. Dor e destruição estão por toda a parte”.
