Ao menos 700 palestinos, em maioria crianças, foram mortos por disparos do exército israelense enquanto coletavam água, desde outubro de 2023, reportou nesta segunda-feira o gabinete de comunicação do governo em Gaza, segundo informações da agência de notícias Anadolu.
“A ocupação israelense continua a travar sua guerra sistêmica e deliberada de sede aos palestinos de Gaza, em flagrante violação de todas as leis e convenções humanitárias e internacionais”, reportou a assessoria em comunicado oficial.
Para o governo, o uso da água como arma de guerra se soma aos crimes israelenses, “a fim de privar os palestinos de seus direitos mais básicos”.
Segundo as estimativas, o exército ocupante cometeu 112 massacres contra palestinos que coletavam água, com mais de 700 mortos, em cerca de 640 dias. No domingo (13), Israel matou doze em Nuseirat, na região central — oito, crianças.
Além disso, prosseguiu o comunicado, mais de 720 poços artesianos foram destruídos deliberadamente pelas ações israelenses em Gaza, privando 1.25 milhão de pessoas de acesso devido a água potável.
O exército igualmente obstruiu a entrada de 12 milhões de litros de combustível a cada mês, volume necessário para operar um número mínimo de poços, estações de esgoto e saneamento e outros mecanismos vitais.
“Isso causou complete paralisia das redes de água e esgoto e disseminação de doenças, sobretudo entre as crianças”, reiterou.
O comunicado concluiu com apelos à comunidade internacional e entidades de direitos humanos para agirem imediatamente contra o uso da água como arma de guerra, pelo exército israelense, e permitir acesso humanitário e reconstrução hídrica.
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Israel ignora apelos internacionais ao manter sua ofensiva indiscriminada a Gaza desde outubro de 2023, com mais de 58.400 mortos, em maioria mulheres e crianças, e dois milhões de desabrigados, sob condições de fome e epidemias.
A campanha é marcada por desumanização contra o povo palestino, incluindo peças de imprensa e declarações de entidades e lideranças ocidentais, culminando em planos a um campo de concentração em Rafah, no extremo sul do enclave.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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